O Hvalfjörður (fiorde da baleia)
Os Contos populares islandeses são um imaginário riquíssimo, de estórias mágicas povoadas por elfos, trolls, fantasmas e espíritos de uma fantástica diversidade.
Numa "postagem" anterior falei sobre a relação dos islandeses com os elfos, introduzindo o imaginário mitológico das crenças populares islandesas. Hoje vou "narrar-vos" um dos contos populares com que brindo os clientes, sempre que depois de sair de Reykjavík, atravesso o túnel que passa por baixo do Hvalfjörður. Este túnel é hoje a porta de entrada para a denominada costa oeste (west coast) islandesa.
Contextualização histórico-geográfica
A estória tem lugar no fiorde Hvalfjörður. Com a abertura do túnel em 1998, a estrada nº1 - "ring road", que circunda a ilha, atravessa por baixo o fiorde. Mas antes, era necessário percorrer a estrada nº 47, que contorna e leva os visitantes aos lugares mencionados no conto.
Hvalfjörður significa "fiorde da baleia". Tem cerca de 30 km de extensão, 4-5 km de largura e 80 m de profundidade máxima. No final do fiorde as montanhas são íngremes, quase até à agua e ramifica-se em 2 partes: Brynjudalsvogur e Botnsvogur. O fiorde é assim secundado por montanhas esplêndidas: Byrill e Reynivallasháls no sul, múlafjall, Hvalfell (montanha da baleia) e Botnssúlur a norte. Para lá das montanhas, a leste do fiorde, fica o Hvalvatn (lago da baleia), com cerca de 160 m de profundidade. O rio Botnsá desliza desde o lago formando a cascata de Glymur, a mais alta da Islândia com 198 m de altura. A origem do nome do lago, da montanha e do fiorde é explicado pelo conto.
O Hvalfjörður no Verão
O Conto
Era uma vez...
Alguns homens de Suðurnes na península de Reykjanes foram até Geirfuglasker * para apanhar Great Auk Skerries. Na hora do regresso um dos homens ficou perdido e voltaram sem ele, acreditando que tinha morrido.
um ano mais tarde os mesmos homens regressaram até Geirfuglasker e encontraram o companheiro desaparecido vivo. Segundo a lenda, os elfos tinham lançado um feitiço, apanhando e abrigando-o durante essa temporada. Mas ele não estava satisfeito com os elfos e decidiu regressar com os restantes companheiros. Constou que ele, nesse entretanto, tinha engravidado uma mulher elfo que o fez prometer baptizar a criança se um dia ela a levasse até ele, junto de uma igreja.
Uns anos mais tarde, houve uma missa na igreja de Hvalsnes e um berço apareceu à porta da igreja com a seguinte nota: "O homem que for o pai deste bébé deverá certificar-se que ele é baptizado". As pessoas ficaram atónitas e o padre suspeitou que o bebé pertenceria ao homem que passou um ano em Geirfuglasker. O padre pressionou o homem a admitir ser o pai mas este negou. Nesse momento apareceu uma mulher muito alta, luminosa e entroncada. Ela virou-se para o homem e disse: " vou lançar um feitiço e vais transformar-te na mais temível das baleias do oceano e afundar muitos navios". Depois apanhou o berço e desapareceu sem deixar qualquer rasto. todas as pessoas assumiram ser a mulher elfo de Geirfuglasker, onde o homemtinha passado um ano. logo após o desaparecimento da mulher o homem começou a contorcer-se como se tivesse enlouquecido e desatou a correr aos saltos em direcção ao mar. Quando lá chegou saltou de um penhasco denominado de Hólmsberg, situado entre Keflavík e Leira, transformando-se instantaneamente na pior e na mais diabólica das baleias. Foi baptizada de "Ruiva", por causa de um chapéu vermelho que o homem levava colocado na cabeça, quando se atirou ao mar. A baleia tornou-se um flagelo e reza a lenda que afundou mais de 19 navios entre Seltjarnarnes e Akranes.
Com o passar do tempo, a baleia passou a abrigar-se num fiorde entre Kjalarnes e Akranes e assim nasceu o nome de Hvalfjörður (fiorde da baleia). Nessa altura, vivia um padre em Saurbær, nas redondezas do fiorde. Esse padre, de poderes sobrenaturais, era velho e cego e tinha três filhos. 2 rapazes e uma rapariga. Às vezes, os seus filhos iam pescar no mar, à saída do fiorde e um dia foram apanhados pela baleia assassina, tendo morrido afogados. O padre sofreu uma dor profunda com a morte dos filhos e pediu à filha que o guiasse até às aguas do fiorde, que próximo da quinta de Saubær, onde moravam. Levou com ele uma pau de madeira e percorreu o caminho com a ajuda da filha. Lá chegados, espetou o pau no chão, dentro da agua e regressou para trás. Nessa altura, perguntou à filha como estava o mar. Ela respondeu que parecia um espelho de agua, calmo e sereno. Passado mais uns minutos o pastor volta a fazer a mesma pergunta à filha e ela respondeu que estava a ver uma grande sombra negra a emergir até à tona da agua como se fosse um enorme peixe. Quando a filha disse que essa enorme sombra negra tinha vindo ao encontro deles, o padre pediu que o levasse terra adentro percorrendo a linha da costa do fiorde. A sombra negra acompanhou-os o tempo todo, até ao fim do fiorde. Consoante o fiorde ia ficando mais estreito e a agua menos profunda a menina reparou que a sombra tinha a forma de uma enorme baleia que nadava ao longo do fiorde como se estivesse sendo guiada. ao chegarem ao fim do fiorde, onde desemboca o rio Botnsá o padre disse à filha que o conduzisse para a margem oeste do rio. Lá chegados, o velho padre começou a escalar a montanha acompanhado da baleia, que dava difíceis saltos na agua, para acompanhar o velho padre. O curso de agua era pequeno e a baleia enorme. Quando chegaram à garganta onde a cascata deixa cair as suas aguas vindas do topo da montanha, o espaço era tão ínfimo para o cetáceo que este começou a abanar e a debater-se com forca para subir o curso de agua. Quando finalmente subiram a cascata, tudo à volta começou a estremecer como se fosse um grande tremor de terra. Das rochas saiu um grande troar, como se de uma trovoada se tratasse. Daí o nome da cascata - Glymur (rugido/troar) e as encostas que circundam a cascata são conhecidas como Skálfandahæðir (encostas que tremem/estremecem). Mas o padre estava decidido e não parou até levar a a baleia até ao lago de onde o rio Botnsá nascia e que desde então é denominado de Hvalvatn (lago da baleia). uma das encostas do lago tem também o nome de Hvalfell (encosta da baleia). É que quando a "Ruiva" entrou no lago, fê-lo através desta colina.
Quando o velho padre regressou à Quinta com a sua filha todos os habitantes da região e regiões adjacentes ficaram eternamente agradecidos.
Nunca mais ninguém via "Ruiva" a baleia demoníaca, mas foram encontrados recentemente uns impressionantes ossos de baleia no lago, comprovando e reforçando a veracidade desta lenda.
* Geirfuglasker era um ilhéu ou um conjunto de rochas solitárias, localizadas a sul do arquipélago de Vestmannaeyjar. e que desapareceu no mar devido a uma erupção vulcânica marinha em 1830. O nome traduzido significa Great Auk Skerrie (Pinguinus impennis). uma ave marinha mítica na Islândia, que se acredita extinta e da família dos pinguins.
. Consultor e Guia Turístico
. Ao que me proponho - Currículo e outros dados - Contactos gerais
. Website
. Promo vídeos - Islândia
. Islândia - vídeo promocional 1
. Iceland-National Geographic spot
. Promo vídeos - Reykjavík
. Vídeo promocional 1-Reykjavík
. Vídeo promocional 2-Reykjavík
. Documentários
. Geothermal Energy in Iceland
. Os meus vídeos
. As minhas fotos
. a caminho de Vík - sul da Islândia
. Akureyri
. Húsavík
. Iceland
. Keflavík
. Outras fotos da Islândia
. Iceland
. Web pages gerais
. Aldrei fór ég sudur rock festival
. edições discográficas islandesas
. Kimi Records - Indie Islandesa
. Iceland AirWaves music festival
. Gljúfrasteinn-Laxness Museum
. Mývatn
. Winter Adventures North Iceland
. Web pages - Municípios
. Dalvík
. Husavík
. Web pages - Reykjavík
. Icelandic Symphony Orchestra
. Official Tourist Centre-Reykjavík
. Museum of Design and Applied Art
. Reykjavík Museum Photography
. National Film Archive Iceland
. Gallery Kling & Bang - art gallery
. Gallery Turpentine - art gallery
. Musiktilraunir Music Festival
. Web pages Akureyri
. Akureyri
. Nonnahús
. Outros blogs na Islândia
. Amizades intensas
. Blogs de música
. Dia Nacional da Islândia ...
. Dettifoss - a mais podero...
. Cod Wars: As guerras do b...
. Na Islândia também não ex...
. Ekki Múk - O regresso dos...
. A "Saga" do Great Auk Ske...
. "Ruiva", a baleia demonía...
. Pequenos momentos com cli...
. Formação Geológica da Isl...
. Eyjafjallajökull - Erupçã...
. De Thule a Iceland – Hist...
. Conhecendo Siglufjördur –...
. O colapso económico e out...
. Os melhores discos island...
. Húsavík - da pesca à obse...
. Eyjafjördur - entre o bra...
. Surtsey - A ilha vulcão e...
. A neve. Pela janela do qu...
. Atrás do sol da meia-noit...
. Considerações sobre a Isl...
. Resposta a um email: Skaf...
. Bang Gang: Indie guitar P...
. Islândia vs Brasil (parte...
. Islândia vs Brasil ou Ein...
. Mývatn – Um vídeo, um ret...
. Entre fiordes: Do Eyjafjö...
. Na senda de Nonni, Jón Sv...
. Björk Guðmundsdóttir: ret...
. Antecipando o Post sobre ...
. o pequeno arquipélago de ...
. Dísa - Uma voz, um achado...
. As Páginas Amarelas Islan...
. Vatnajökull (the sound of...
. Aldrei fór ég Sudur - O m...
. O futuro da economia isla...
. O coro vocal feminino EMB...
. A sexualidade na Islândia...
. Viajando pela Islândia co...
. Aurora boreal - A minha p...
. Área de Ski de Hlídarfjal...
. Os elfos e a mitologia nó...
. President Bongo dos GUS G...
. akureyri(6)
. ambiente(5)
. arte e cultura(7)
. curiosidades(6)
. economia(2)
. fenómenos da natureza(15)
. geologia(1)
. história e cultura(8)
. impressões(9)
. introdução(2)
. islândia(7)
. mitos e lendas(3)
. música(15)
. política(4)
. sexualidade(1)
. sociedade(4)
. tecnologia(1)
. viagens(11)
. vídeo(34)