Segunda-feira, 31 de Março de 2008

A sexualidade na Islândia e o Phallological Museum

Desde que à muito anos atrás, as traineiras e barcos estrangeiros atracaram na Islândia, começaram a nascer muitas crianças com olhos e cabelos escuros.
Como resultado, um dos fiordes da costa Este, foi eufemisticamente denominado de Congo.
Isto, por si só, sugere que a atitude dos Islandeses perante o sexo, foi sempre razoavelmente liberal.
O sexo começa por ser visto como uma actividade divertida a que nos devemos entregar, embora muitas vezes fosse feito de luz apagada. Pois bem, as coisas não mudaram.
Esta actividade liberal, significa que os islandeses nunca se preocuparam em desenvolver uma série de esquemas e preliminares, habitualmente identificados como cortejamento e sedução, de forma a conseguirem determinados intentos (leia-se sexo!).
Um directo e desembaraçado “sim” ou “não” é tudo o que lhes ocorre antes da acção começar. Enquanto que no resto da Europa um convite “vamos tomar café?” é visto como um passo que pode conduzir o casal ocasional à cama (ou talvez não), na Islândia o café é servido posteriormente em jeito de retribuição (ou talvez não).
Sendo assim, não se admirem se um islandês ou islandesa, sem qualquer conversa que introduza uma primeira intimidade, for directo ao assunto. De igual forma, não esperem que depois da acção, façam muito mais do que levantar, vestir e ir embora.
 

 

Mas nada melhor para ilustrar a atitude dos islandeses perante a sexualidade do que o Phallological Museum em Husavík, que contem mais de 150 pénis de mamíferos, terrestres e marítimos. Entre eles, contam-se mais de 38 exemplares de 15 espécies de baleias, 1 exemplar de um urso polar, 19 exemplares de 7 espécies de focas e morsas e 93 exemplares de 19 mamíferos terrestres, num total de 151 exemplares de 43 mamíferos que se podem encontrar na Islândia (estes números estão sujeitos a actualização constante).
Consta que existe um documento de doação (certificado notarialmente) de um exemplar de homo sapiens. Islandês claro!
Com o intuito de aumentar o número de visitas a este meu blog, deixo em baixo um vídeo, onde pode ser apreciado o interior do museu e o seu espólio.
Isto, se aguentarem os 4 falológicos minutos.
 
A Falologia é uma ciência antiga que apenas tem recebido alguma atenção em disciplinas académicas como a história, arte, psicologia, literatura e outros campos artísticos como a música e o ballett.

 

http://www.phallus.is/

 

http://www.ismennt.is/not/phallus/ens.htm

 

publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 23:42
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Quinta-feira, 27 de Março de 2008

Viajando pela Islândia com o meu irmão

 

 

 

O meu irmão veio visitar-me uma semana à Islândia. Apesar do muito trabalho na montanha de Hlidarfjall, aproveitei os dias de folga, dos quais não abdiquei (a Páscoa é o período mais forte da temporada de ski) para viajar com ele, pelo sul e norte da ilha. Fizemos um roteiro, por pontos turísticos previamente definidos, numa semana que para mim foi recheada de trabalho, noitadas e viagens. Mas foi também, uma semana que passou rápido, deixando a sensação de um rio que próximo da sua nascente vê nascer uma refrega de castores, impedindo que o seu leito siga um curso normal. Ali, a água se concentra, tendo dificuldade em circular. É que sinto que muitas palavras ficaram por dizer e muitos olhares por trocar. Na hora da partida ficou um sufoco, talvez pelas lágrimas contidas. Mas uma partida não tem de ser uma separação. Apenas um até já porque continuaremos juntos. Pelo menos, estaremos à distância de um click dos nossos computadores. Pela webcam posso ver toda a minha família. Pelo telemóvel posso trocar SMSs. Emigrar não é mais como no passado, altura em que se ficava anos sem ter qualquer contacto (por vezes qualquer noticia) dos nossos entes queridos. Porque ficou então este nó na garganta?

Mas a ideia agora é fazer um pequeno resumo fotográfico das nossas viagens da semana passada. Para quem não conhece a Islândia, será a oportunidade de ficar com uma imagem do que seria visitar a ilha no Inverno. Se o turismo de verão está já explorado, sendo a paisagem mais diversificada em cores e com acessos mais fáceis a qualquer local, penso que os islandeses poderão no futuro explorar melhor o turismo de Inverno, até porque tem instalações e condições para os desportos que habitualmente se praticam nessa estação.
Mas viajemos um pouco pela Islândia através de algumas fotos que tirei:


sábado,15-3-08. Saída de Akureyri a caminho de Reykjavík e posteriormente para o aeroporto internacional de Keflavík. Uma viagem de aproximadamente 450 km, levando-me do norte ao sul da Islândia. Pelo caminho, algumas paragens para tirar fotografias a paisagens magnânimas, de espaços abertos, lembrando os filmes épicos. Obviamente, não esqueci os recantos curiosos e as montanhas sulcadas por brancos escorridos, como que avisando que essa será a cor predominante das viagens.
 


Domingo, 16. A Blue Lagoon (não confundir com a que eternizou Brooke Shields) tem milhões de litros de água do mar, geotérmica, entre os 37 e os 39 º C, que se renova em 40 horas. Aguas mineralizadas que nos deixam relaxados, de aromas sulforosos e sílica branca para limpar e dar energia à pele. Um local de paragem obrigatória para islandeses, turistas e viajantes.

 


Domingo, 16. a cratera do vulcão Kerid, situa-se a norte de Selfoss, na estrada para Geysir e Gulfoss. Formou-se há cerca de 6500 anos, Tendo 270 m x 170 m de dimensões e 55 m de profundidade. No interior da cratera, alojou-se um pequeno lago em que a profundidade das suas águas varia entre os 7 e os 14 m, encontrando-se congelada nesta altura do ano. Aliás, na foto pode-se ver a inscrição “I Was Here!” inscrita no gelo que sazonalmente substitui as águas do interior de Kerid.
A cratera integra a zona oeste vulcânica da Islândia que vai desde a Península de Reykjanes até ao glaciar Langjökull. É o extremo norte de uma linha de crateras denominadas Tjarnarhölar.

 

 
Domingo, 16. O nome português Géiser provém de Geysir, nascente eruptiva em Haukadalur, que visitamos e documentada na foto; este nome deriva por sua vez do verbo gjósa (jorrar).
A formação de géisers requer uma hidrogeologia favorável que existe em poucos locais na Terra, sendo fenómenos raros. Existem cerca de mil em todo o mundo e metade destes no Parque Nacional de Yellowstone nos Estados Unidos. No parque de Geysir situam-se 3 dos 10 géisers que expelem jactos de água a maior altitude. Normalmente, existe uma periodicidade, mais ou menos regular nos jactos expelidos pelas estas “bocas” no solo.
O Processo de formação de um Géiser é mais ao menos o seguinte: A água subterrânea que se encontra nas fissuras, cavidades e lençóis freáticos, em contacto com rochas e principalmente a lava vulcânica encontrada abaixo à elevada temperatura, vai aquecendo gradualmente. A elevada pressão a que a água se encontra faz aumentar o seu ponto de ebulição e, quando a temperatura dela atinge um ponto crítico, entra rapidamente em ebulição. O vapor de água obriga-a a subir de forma violenta, em forma de jacto, dando origem a esta manifestação de vulcanismo. Esses jactos podem atingir cerca de 80 metros de altura e apresentar temperaturas de 70 °C a 100 °C. O suficiente para queimar!
 

 
Domingo, 16. Numa corrida contra o gradual definhar da luz solar, chegamos por fim, a um dos postais mais divulgados da Islândia. Gulfoss (Foss em islandês significa quedas de água). Fica situada no canyon do rio Hvítá, e no verão o seu volume de agua nas quedas atinge os 140 m³/s e no Inverno 80 m³/s (menos volume de água, por muito que isso pareça um paradoxo). Gullfoss, juntamente com os Géisers de Haukadalur e o parque nacional de Pingvellir, formam o Grand Circle, o mais antigo e popular “day tour” para os turistas que visitam a Islândia.

 

 
Quarta, 19. Godafoss, As quedas de água de Deus, assim foram batizadas, ainda no século 11, numa história relatada numa janela da catedral de Akureyri. Godafoss fica junto à estrada que nos leva a um dos locais mais cativantes do norte da Islândia. O lago Mývatn. Godafoss tem um charme singular que se espraia pelos seus 30 m de largura e pelos 12 m de altura.

 

 
Quarta, 19. Seja no sul, seja no norte, mais a este ou a oeste, nunca deixaram de marcar presença durante os nossos passeios. Falo do cavalo islandês. Um cavalo de baixa estatura e que se caracteriza pela sua resistência às doenças. Sempre que aparecia um pequeno espaço não ocupado pela neve, lá estava(m) ele(s) alimentando-se daquilo que no resto do espaço a neve escondia.

 

 
Quarta, 19. Cratera Hverfell, na região do lago Mývatn. Formada há cerca de 2500 anos e com cerca de 140 m profundidade, tem 1000 metros de circunferência. O lago Mývatn (My significa moscas anãs e vatn significa lago) é uma das regiões mais cativantes para visitar. O lago tem 37 km² e a zona de mais funda não ultrapassa os 4,5 m de profundidade.

 

 
Quarta, 19. Desde 1977 está a funcionar uma central de energia geotérmica na região de Mývatn, com cerca de 60 MW de potencia e que abastece uma grande parte do consumo energético da Islândia. Fica no sistema vulcânico de Krafla que tem cerca de 10 km de diâmetro. É aí que se situa a cratera Víti (que em islandês significa inferno – os islandeses julgavam que era por baixo dos vulcões que ele se situava) famosa pelo seu lago verde. Nesta nossa viagem foi impossível podermos ir até à cratera de Víti e fotografá-la, pois a neve não permitiu que o nosso pequeno carro citadino chegasse lá. Uma fotografia de Víti terá de ficar para uma viagem futura. Mas garanto-vos que vale a pena essa viagem, assim o tempo o permita.
 

 
Quarta, 19. A área de Krafla inclui também Námafjall, uma área vulcânica activa, flagelada com fontes quentes, caldeiras fervilhantes de um lodo solfatado e um ar carregado de um intenso cheiro a enxofre. A vista que tivemos quando, do cimo da montanha deparamos com esta área, é impossível de escrever em palavras. O enquadramento de Námafjall e da sua terra quente e nua, de degradés que variam entre o amarelo, o castanho e o vermelho, contrastava com uma imensa vastidão de neve plana, que ao longe deixava vislumbrar pequenos picos montanhosos e crateras cobertas de neve. A aparente intemporalidade da natureza e dos seus fenómenos é um dos maiores fascínios que poderemos continuar a desfrutar.

Este é o meu post mais extenso. Mas nunca será tão imenso quanto o amor que tenho pela minha filha e pela minha família em Portugal. A visita do meu irmão apenas teve o condão de fazer reemergir isso ao seu plano mais consciente.


Beijos a todos!

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publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 20:07
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Segunda-feira, 10 de Março de 2008

Aurora boreal - A minha primeira vez

  
Flaming lights on the sky
a night of northern lights
A wedding is going on up there
among the crowd of stars
The Moon is rising
a god among sparkling goddesses.
                                                           
                                                                     Knut Hamsun
 
A Aurora Boreal em Akureyri
 
A semana passada fui presenteado por um dos mais aguardados momentos. Vi, por fim, a aurora boreal (northern lights / norðrljós), sendo difícil descrever tão maravilhoso espectáculo ofertado pela natureza.
Durante largos minutos observei comovido, a magia na montanha de Hlídarfjall e depois em Akureyri, nos jardins da minha casa.
Eram feixes de luz, em tonalidades esverdeadas que serpenteavam em movimentos largos sobre a minha cabeça. Boquiaberto, olhava o céu maravilhado com o bailado sensual que me era oferecida pela noite islandesa.
As nuvens, empurradas por um sopro rápido, entrecortavam as estrelas e neste cenário, as serpentes de luz verde nunca se quedavam estáticas. Os meus pés, por largos minutos criaram raízes, como se vento algum me pudesse arrancar dali. Hipnotizado pelo espectáculo raro, deixei-me embalar pela magia do canto daquelas sereias que continuam a bailar ainda hoje, sempre que cerro os olhos, ao adormecer.
Mais fascinante que os tons verdes pintando o céu, é o movimento de uma aurora boreal, da mesma forma que a maior beleza do fogo é o seu trémulo e lânguido crepitar.
 
Deixo-vos este pequeno filme, para que possam imaginar o que é ver ao vivo a aurora 
 
 
Fica uma pequena introdução ao fenómeno:
 
A aurora boreal (northern lights) é um fenómeno luminoso, um brilho observado nas noites das regiões polares, provocado pelo impacto de partículas de vento solar no campo magnético terrestre. Somos constantemente atingidos por ventos solares: fluxos rarefeitos de plasma quente emitido pelo Sol em todas as direcções.
Electrões, protões e partículas alfa, colidem com átomos da atmosfera terrestre (predominantemente oxigénio e nitrogénio) em altitudes que variam entre os 80Km e os 200Km.
As colisões com os átomos de oxigénio aos 200Km de altitude produzem uma tonalidade verde. Quando a tempestade é forte, as camadas mais baixas da atmosfera são atingidas pelo vento solar (100Km de altitude), e produzem uma tonalidade vermelho escura pela emissão de átomos de nitrogénio (predominantes) e oxigénio.
As auroras acontecem apenas em regiões próximas aos pólos magnéticos (não são coincidentes com os pólos geográficos) com um tamanho médio que oscila entre os 3000Km a 5000Km, pelo que os melhores lugares para a observação de auroras encontram-se em regiões como por exemplo, o Canadá, Gronelândia e Islândia.
  
Para quem quiser informação mais completa sobre a aurora boreal, deixo 2  links:
 
 
 The Aurora Borealis and the Vikings:  http://www.vikinganswerlady.com/njordrljos.htm
 
 
http://www.northern-lights.no/english/mythology/index.shtml
 
publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 01:04
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Sexta-feira, 7 de Março de 2008

Área de Ski de Hlídarfjall

 
 
Neste Blog, ainda não falei do local onde trabalho. Trata-se da área de Ski de Hlídarfjall (montanha Hlídar), em Akureyri.
Irei num próximo post falar um pouco da história de Akureyri, esta belíssima cidade do norte da Islândia, localizada numa das margens do Eyjafjördur (fiorde Eyjaf).
A área de Ski de Hlídarfjall abriu em 1956, fazendo parte do Winter Sport Center of Iceland (Vetroripróttamidstöd Islands) que engloba para além da área de Ski, o ice hockey, skate, dancing on skates e curling, em instalações localizadas para o efeito.
Quanto à área de Ski em si, pertença da Câmara Municipal, tem 12 km de pistas, sendo a mais longa com 2,5 km. São 5 pistas iluminadas, essencialmente destinadas a principiantes e intermediários. O seu sistema de elevadores (4 no total), é capaz de fornecer transporte até 2000 mil passageiros/hora. Para os snowboarders existem descidas e um parque com saltos, slides e mesas.
 
 
Mas o que mais me encanta, é a vista sobre o fiorde e a cidade de Akureyri, principalmente, quando as montanhas estão aveludadas por um monte de neve. Acredito que com o verde do verão, possa vir a apreciar uma paisagem completamente diferente e igualmente bela.
Como referi no meu primeiro post sobre Akureyri, a oferta da cidade é de qualidade e de assinalável diversidade. Para além dos referidos desportos de Inverno, não faltam as piscinas ao ar livre geotermicamente aquecidas (mesmo com -10º C podemos tomar banho ao ar livre), 3 ginásios, pista de patinagem no gelo, bowling, trilhas para caminhadas, esquis e equitação, locais para desportos ao ar livre, museus, galerias, teatro, jardim botânico, uma orquestra sinfónica, etc.
Facilidade de acesso, beleza, calma, um Inverno frio mas acolhedor e um verão ameno, com um afago a fazer lembrar uma certa malemolência, dão a este belo local, próximo do paralelo 66, condições únicas para escolher entre 2 estações de igual potencialidade turística.
As centenas de fotografias que tenho tirado na montanha, tanto à área de ski, como da vista que usufruo, falam por si.
Uma foto, não raras vezes, vale mais do que todas as palavras.
 
A vista priveligiada sobre o fiorde e Akureyri no meu local de trabalho
 
www.hlidarfjall.is
 
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publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 22:55
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Quinta-feira, 6 de Março de 2008

Os elfos e a mitologia nórdica / viking

 
 
montanhas de Borgarfjördur carregadas com lendas de elfos
 
A Islândia é o país onde a maioria das fontes escritas para a mitologia nórdica foi construída. Transmitida oralmente durante a era viking, o seu conhecimento actual baseia-se no Eddes e outros textos medievais escritos depois da cristianização, verificada durante o séc. XI. Esta mitologia é fonte de inspiração da literatura, teatro e cinema islandês.
Quando aqui cheguei, das primeiras coisas que me chamou a atenção, é o facto de o islandês ser muito físico e rude. Obviamente, isso é um reflexo de um passado duro, onde grande parte da população viveu da pesca (ainda hoje um dos motores da economia do país), em condições climatéricas adversas e muitas vezes, em locais completamente isolados. Assim, naturalmente a religião viking pouco tem de dogmático ou metafísico. Baseava-se em actos, gestos e culto aos ancestrais, não fazendo sentido existir sem a prática de um ritual.
Apesar do parlamento islandês ter votado a favor da cristianização, sempre tolerou a prática de cultos pagãos na privacidade dos lares. A atmosfera de maior tolerância, relativamente aos outros países nórdicos, é um dos motivos que explicará ter sido aqui que se construiu e desenvolveu toda a literatura sobre as sagas vikings, auxiliar indispensável para se compreender a era pagã. A mesma atmosfera de tolerância, existente na sociedade islandesa actual, ajuda também a compreender que as crenças e lendas estejam ainda muito latejantes.
 
Vista do fiorde Eyjafjördur - montanhas onde habitam elfos
 
O folclore islandês, é composto de lendas e crenças com Trolls, Ogres, Goblins, Elfos e Anões.
Mas hoje vou falar de Elfos.
Os Elfos (Elf / Elfs / Elves / Álfr / Álfar) são génios, espécie de fadas e ninfas em versão masculina e que na mitologia escandinava simbolizavam o ar, a terra, o fogo… sendo seres semidivinos, imortais, mágicos e luminosos conotados com a natureza e com a fertilidade. Vivem em colinas, sob a terra, em fontes, rochas ou outros lugares naturais, longe dos olhares dos comuns mortais (nós!).
Aparecem com frequência na literatura medieval europeia e se Shakespeare os imaginava como seres pequeninos, são quase sempre retratados como sábios, altos e belos. Na Islândia, tem o tamanho de pessoas normais.
Uma pergunta que frequentemente faço aos islandeses com que me vou relacionando, é se acreditam em Elfos e Trolls, ou se acham que são apenas figuras mitológicas exploradas pelos guias, brochuras e livros turísticos. Sabemos o quanto este tipo de folclore vende (veja-se o congresso de medicinas populares de Vilar de Perdizes), não faltando nas lojas de recordações da Islândia, artigos com estas personagens, de forma a saciar o interesse dos turistas. Afinal, vivemos na época da globalização e o marketing não perdoa!
Se relativamente a Trolls a maioria dos islandeses sorriem, deixando transparecer a sua descrença (pelo menos quando apelam ao racional), já relativamente a Elfos as coisas mudam de figura, notando-se diferentes reacções:
- Os que acreditam e ficam ofendidos se sorrimos, pois lêem nesse nosso sorriso uma censura achando-os insanos;
- Os que dizem que não acreditam mas que não se libertam da crença;
- Os que coçam a cabeça e dizem… Kumski (talvez);
- Os que dizem que acreditam mas não acreditam de facto;
- Os que não acreditam e acham que é folclore para estrangeiros / turistas consumirem e para contar às crianças, sempre ávidas de viver um mundo mágico.
Neste ultimo grupo está essencialmente a população mais nova. Pelo que me tenho apercebido, a maioria das pessoas com mais de 30 anos de idade, enquadra-se numa das primeiras 3 hipóteses.
Mas acreditem o tão difícil que é separar Mito e Realidade.
A estrada principal que liga Reykjavík a Selfoss, a determinada altura tem um desvio para a esquerda, aparentemente sem explicação perto de Hveragerdi. Este desvio aconteceu para se afastar de uma colina onde vive um elfo!
Ainda hoje, as ruas das cidades islandesas, estão alinhadas de forma a evitar as colinas habitadas por Elfos. É que experiências passadas demonstram que máquinas, martelos e outros artefactos, falham ou partem quando tentam construir nos locais habitados por estes seres semidivinos.
O túnel que liga Dalvík a Ólafsfjördur foi construído nos anos 90. A determinada altura, as máquinas foram afectadas por diversos problemas mecânicos, mesmo junto a uma rocha que os islandeses acreditam ser habitada por um Elfo. A solução encontrada foi circundar a rocha, que se mantém intacta no túnel, para alívio do Elfo e dos habitantes da região.
Se é verdade que os mais novos continuam a contar as lendas e crenças do folclore islandês como forma de perpetuar a tradição e transmitir a metaforizada visão da natureza, não é menos real que as raízes das velhas lendas pagãs vikings, estão mais próximas da superfície do que muitos islandeses gostam de admitir.
E existe quem jure ter visto Elfos! Não faz muitos anos que em plena televisão, num programa em directo, um dos intervenientes jurava ter feito amor com um.
 
Eu não acredito. Mas eles existem mesmo que não acreditemos.
 
E você, acredita em Elfos?
    
publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 00:34
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