Num mundo onde a globalização é crescente, mas também um processo com séculos de História (e estórias), este é o registo das impressões e sensações, de um emigrante, numa cultura distinta e distante.
Uma erupção de lava em 24 de Abril de 1964, numa vista para nordeste de Surtsey. No canto superior direito pode ver-se uma fotografia aérea de 29 de Agosto de 2002.
A Islândia é geologicamente, o país mais recente da Europa. Formou-se, devido a uma série de erupções vulcânicas, há cerca de 20 milhões de anos.
A dorsal meso atlântica que maioritariamente é submarina emerge na Islândia. Essa dorsal separa na ilha, a placa tectónica norte-americana da placa tectónica euro-asiática. As placas estão em movimento o que origina a actividade vulcânica intensa ao longo da dorsal (é a mesma que passa pelo os Açores). Sendo assim, a Islândia está em actividade vulcânica permanente.
Por isso costuma-se dizer que a Islândia continua em formação. A confirmação é Surtsey, a ilha vulcão que veio aumentar um pouco mais as dimensões do país, decorria o ano de 1963.
Surtsey (baptizada em homenagem a Surt, o gigante do fogo da mitologia nórdica) integra a mais recente lista da UNESCO do Património Mundial da Humanidade. É a mais recente ilha do oceano atlântico e a parte mais meridional da Islândia, pertencendo ao arquipélago de Vestmannaeyjar (ver neste blog o post: O pequeno arquipélago de Vestmannaeyjar - http://iceland-views.blogs.sapo.pt/5470.html).
Vídeo da formação da ilha de Sustsey numa das erupções vulcânicas mais acompanhadas de sempre
Foi a 14 de Novembro de 1963 que a pequena ilha emergiu no Oceano atlântico, numa erupção que começou a 130 m de profundidade. As violentas explosões causadas pelo rápida expansão do vapor sobreaquecido, produzido pelo contacto da água do mar com a lava incandescente, levou a que a ilha fosse essencialmente constituída por escórias de rocha vulcânica, de muito baixa densidade e com um grau de agregação diminuto, deixando a estrutura em extremo vulnerável à erosão marinha. Contudo, nesta fase, a produção de novo material excedia em muito a erosão, pelo que a ilha continuava a crescer. A partir de 1964, o vulcão até então constituído essencialmente por tefra, ganha uma dimensão em altura que faz com que a sua chaminé não estivesse mais em contacto com a água. A erupção ganhou um carácter menos explosivo, passando a emitir correntes de lava basáltica, que reforçaram os terrenos onde penetravam e recobriram boa parte da estrutura com uma camada de rocha consolidada. Isso impediu o rápido desaparecimento da ilha, como aconteceu com as suas pequenas irmãs, Syrtlingur e Jólnir. As erupções duraram até 5 de Julho de 1967, altura em que Surtsey atingiu as suas maiores dimensões (2,7 km2). Desde então, a erosão marinha e o vento tem vindo a reduzir gradualmente a sua área (actualmente inferior a 1,4 km2).
As crateras semicirculares no centro tem actualmente aproximadamente 154 m de altitude
Em 1965 a ilha foi declarada como uma reserva natural, tendo-se transformado num autêntico laboratório de investigação ao ar livre. Não podemos esquecer que na Islândia existe uma comunidade de vulcanologistas experientes. Assim, a ilha foi estudada intensivamente desde os estádios iniciais da erupção, fornecendo um modelo de grande interesse para os estudos de vulcanologia e evolução dos materiais vulcânicos, erosão costeira e ecologia, com destaque para estudos sobre os tufos vulcânicos e os processos de colonização vegetal de novos territórios insulares. Têm sido apresentados inúmeros estudos sobre diversos aspectos da biologia e ecologia das espécies que entretanto se foram fixando na ilha.
Ainda hoje, apenas cientistas credenciados em investigação de campo são autorizados a desembarcar na ilha. Os visitantes apenas a podem sobrevoar de avião ou avistá-la a partir de embarcações.
A Exposição Surtsey - Genesis na Casa da Cultura de Reykjavík
Vídeo montagem da exposição Surtsey-Genesis na casa da Cultura - Centro Nacional do Património Cultural em Reykjavík
Existe um motivo para fazer este post sobre a ilha vulcão de Surtsey. É que quando cheguei à Islândia em 2007, fui à Casa da Cultura em Reykjavík para ver a exposição multimédia surtsey – génesis.
Na Casa da Cultura, um Centro Nacional do Património Cultural, podem ver-se varias exposições em simultâneo, sendo algumas de carácter mais permanente. Entre estas, refira-se a dos manuscritos medievais - Eddas e Sagas, livros onde se encontram narrados todos os feitos vikings que tanto orgulham os islandeses. Haverei de falar sobre as Sagas vikings e do Eddas num post futuro. O Eddas foi já escrito pela pena do cristianismo. Contudo, o seu objecto acaba por ser o reflexo do paganismo na Islândia – as crenças e as sagas vikings.
Mas a exposição que nos interessa neste post é a e Surtsey – génesis. Esta exposição traça o nascimento e evolução da ilha vulcão, do início até aos dias de hoje, prevendo o desenvolvimento geológico e ecológico nos próximos 120 anos. São aplicadas as últimas técnicas multimédia para dar a conhecer as respostas de toda a pesquisa cientifica no terreno. A exposição é organizada pelo Instituto Islandês de História Natural.
Com o objectivo de partilhá-la convosco neste blog, antes da minha estadia em Portugal fui visitá-la de novo, acompanhado da minha pequena e antiga máquina de filmar.
Para quem não pode ir a Reykajvík, deixo acima o vídeo e a respectiva montagem. Abaixo, fica uma breve explicação, também em formato vídeo, das transformações da ilha sujeita à erosão marinha e eólica.
Espero que gostem!
explicação vídeo das transformações no diâmetro e área de Surtsey
Acesso ao web site da Sociedade de Estudo de Surtsey criada em 1965
Foram 2 meses em Portugal e uma visita à Andaluzia espanhola. No Porto e em Sevilha respira-se a história da humanidade, em cada edifício, em cada monumento, por trás de cada janela. São segredos que nos revelam serpentes transvestidas de moiras. São os sonhos de um passado a guiar o nosso futuro. Na plaza del Salvador, as estátuas de Dali combinavam imagens bizarras, oníricas, com a excelente qualidade plástica que lhe é (foi) reconhecida.
No mesmo dia, passei de 25 º C para as temperaturas negativas de Akureyri. O regresso foi dia 24 de Outubro.
Na Islândia, a natureza exprime-se sempre com uma amplitude de movimentos surpreendente.
Estou de regresso à Islândia, depois de 2 meses em Portugal e uma passagem por Sevilha (a belíssima cidade da Andaluzia espanhola). Foi um duplo “choque”, tanto térmico, como nos processos de socialização. Nesses 2 meses, o colapso financeiro das instituições bancárias arrastou o Estado islandês para a bancarrota. De um dos países mais ricos do mundo, aos pedidos de ajuda e de empréstimos de dinheiro, foi um curtíssimo passo. Contudo, foi um passo demasiado grande para a amplitude económica do Estado Islandês. Quando me preparava para postar sobre a depressão, resolvi visitar o blog do meu amigo Fernando e o meu estado de espírito mudou mais rapidamente que o colapso económico do país. Os culpados foram os Jeff Who?
Os Jeff Who? (deixem estar lá o pontinho de interrogação) são mais uma das dezenas de interessantes bandas que circulam pelo universo Indie/Pop/Rock.
Como muitos outros grupos, trata-se da junção de um grupo de amigos e colegas de escola que começam a tocar juntos, organizando festas, rodeados de amigos e muitas cervejas (não necessariamente por esta ordem). No final de 2004 os Jeff Who? estão já formados e o ano de 2005 apadrinha o seu álbum de estreia. Death before Disco é editado pela Bad Taste Records e nesse ano a banda faz a 1ª parte do concerto dos Franz Ferdinand em Reykajvík.
Não encontro más canções em Death Before Disco. Gosto do som retro e sincopado da sua pop que transmite frescura e alegria (apesar de retro e frescura sugerir uma antítese). Para mim, elemento essencial para essa frescura é o piano de Valdi, sempre muito bem tocado.
O grupo cedo captou a atenção dos media islandeses, nomeadamente pelos seus 2 primeiros singles, Death Before Disco e Golden Age que os levaram a ganhar 3 prémios das rádios de Reykjavík e 1 Icelandic Music Award, no ano de 2007.
Mas o grande convite para a festa chega com a música Barfly. Não sei se a escolha do nome da música será tão inocente, já que me remete para 1987 e o filme com o mesmo nome, de Barbet Schroeder, com a chancela de Francis Ford Coppola e interpretações de Mickey Rourke e Faye Dunaway.
Deixo-vos o vídeo de Barfly, retrato sentido das noites islandesas, inevitavelmente regadas pela ingestão de quantidades ilimitadas de bebidas alcoólicas, potencializadoras do excesso e consequente decadentismo.
Após 3 meses de ausência estou de volta! 3 meses sem tocar neste blog...
Já lhe renovei a cara. Estou a actualizar a informação e a preparar os novos "posts". Segunda-feira já tudo estará pronto. Enfim... mais formalmente deveria dizer:
EM RECONSTRUÇÃO!
Mas desde quando um blog, onde se derrama impressões, espaço de encontro de pessoas e amizades, poderá ser formal!?!
Estou de volta e pronto! De volta à terra do gelo e do fogo. E neste entretanto muito se passou envolvendo a Islândia. Muito haverá então para falar.