Depois de algum tempo semi-ausente, irei reactivar este blog, talvez influenciado pela chegada das aves, atraídas pelo primeiro sopro da primavera do árctico.
Entretanto, as eleições islandesas aproximam-se sem grande alarido. Nas ruas não existem cartazes, nem viaturas a debitar as “palavras de ordem” dos candidatos ao parlamento. Serão os efeitos do colapso económico que no dia a dia, talvez resguardado pelos fiordes, teima em não se fazer notar?
Quer em Reykjavík, como em Akureyri, não compreendo a inexistência dos sinais reais da falência de todos os bancos do país. Praticamente, só o abandono a meio de todas as obras de construção civil nos relembra que alguma coisa não está bem. Será que os islandeses têm consciência disso?
Com o reactivar do blog vou postar, periódica e intercaladamente, a história deste país em capítulos. Neste primeiro capítulo irei dar a conhecer os nomes de baptismo que o jovem país já teve. Daí o nome – de Thule a Iceland.
A Gronelândia (Greenland = Terra Verde) foi baptizada de forma a atrair mais colonos. Tendo em conta a sua latitude, o clima da Islândia é temperado, mantendo-se verde muito mais tempo do que a Gronelândia. Sendo assim, façamos uma viagem no tempo, para compreender o nome de “Terra do Gelo”.
Ultima Thule
Geologicamente a Islândia é o país mais recente da Europa. É também, o ultimo a ser povoado, tendo a sua colonização acontecido durante a idade média. Contudo, acredita-se que a referência à “ilha mais a norte do mundo” que o explorador Pytheas de Massalia (300 AC) denominou de Thule ou Ultima Thule, se tratasse desta ilha de tantos contrastes.
Este nome foi usado até à primeira fase da idade média, nomeadamente, pelos irlandeses que foram cristianizados muito cedo.
Os monges irlandeses, na procura de servir Deus no isolamento das suas orações, rumaram nos seus currachs (pequenos barcos) até às ilhas Faroe (ilha das ovelhas), ainda no séc. VII. Levaram consigo ovelhas, livros e os utensílios necessários para as temporadas, mais ou menos alargadas de contemplação religiosa. Crê-se que terão chegado à Thule (Islândia) durante o século VIII.
Quando os nórdicos chegaram à Ilha, a convivência tornou-se insuportável para os papar (nome atribuído pelos vikings aos monges irlandeses e que significa “pais”), já que os escandinavos eram rudes e pagãos. O choque, fez os irlandeses abandonar a Islândia à pressa, como comprova o facto de deixarem os livros, cruzes, lamparinas e outros utensílios para trás.
Os nórdicos não consideram estes monges irlandeses como os primeiros colonos, na medida em que as suas estadias eram intermitentes e posteriormente abandonadas.
A influência da cultura irlandesa desapareceu tão rápido como a fuga dos monges.
Com o vídeo fica a promessa de um post nos próximos dias, sobre a formação geológica da Iceland e o delicado equilíbrio entre o gelo dos glaciares e o fogo dos vulcões.
Snowland
Em meados do séc. IX o viking Naddoddur perdeu-se na viagem da Noruega para as ilhas Faroe, vindo parar na costa este da Islândia.
Naddoddur é considerado o primeiro Viking que desembarcou na ilha.
Procurando saber mais acerca desta terra desconhecida, explorou os arredores na costa, acabando por subir ao cimo de uma montanha, procurando vestígios de fumo ou algum sinal de vida. A única coisa que encontrou foi a neve em derrocada pela encosta da montanha. Assim, acabou por baptizar esta nova terra para os escandinavos de Snowland, regressando à Noruega.
Gardar`s Island (Gardarshólmi)
O segundo Viking a rumar à Islândia (pelo menos, suficientemente Nobre e com viagem preparada) foi Gardar Svavarsson, de origem sueca. Foi Gardar que fez a viagem de circum-navegação à Snowland, vindo a constatar tratar-se de uma ilha.
Durante o Inverno estabeleceram-se no norte, numa baía que denominaram de Husavík (baía casa), hoje capital do Whale Watching.
Ao partirem, Náttfari ficou perdido em terra com 2 escravos, esquecidos por Gardar. Talvez por Nátffari não ser suficientemente nobre ou por ter ficado involuntariamente, não é considerado o primeiro colonizador da Islândia.
Quando Gardar acabou a viagem de circum-navegação, rebaptizou a ilha de Gardarshólmi (ilha de Gardar), nome que viria a ser adoptado pelos nórdicos na época.
Iceland (Islândia)
Flóki era um devoto do mais antigo paganismo e levou 3 corvos com ele. Diz a lenda que próximo da nova terra lançou-os, um por um, para que indicassem o caminho a fazer, de modo a não se perder.
Após ser lançado no ar, o primeiro dos corvos voltou para trás, talvez rumo às ilhas Faroe, o local de partida desta expedição. O segundo voou em círculos e regressou ao barco. O terceiro voou em direcção à ilha, indicando o caminho ao navegador.
Flóki percorreu a península de Reykjanes, a costa sul da Islândia e acabou por desembarcar num fiorde no noroeste islandês, onde a terra era fértil e a natureza convidativa.
Todo o verão foi passado a pescar e a caçar, sem contudo terem em conta o Inverno rigoroso que se aproximava. Nesse Inverno os animais morreram de fome e frio e Flóki e os seus homens passaram imensas dificuldades.
Quando a primavera, por fim chegou, começaram a preparar o regresso. Nessa altura, Flóki subiu ao topo da montanha e olhando o fiorde do outro lado, encontrou-o repleto de gelo. Frustrado, deu o nome de Iceland (Terra do Gelo) ao novo país.
O nome manteve-se até aos dias de hoje.
A partir daqui começa a “idade da colonização”, sendo o primeiro colonizador Ingólfur Arnarsson, acompanhado do seu meio-irmão Hjörleifur Hródmarsson que desembarcaram na ilha no ano de 870.
Mas esse estória ficará para um post futuro.
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