Domingo, 20 de Maio de 2012

Dettifoss - a mais poderosa queda de água da europa

 

A água é uma constante na paisagem islandesa. A sua pureza é alardeada com presunçoso orgulho pelos seus habitantes, num país onde praticamente não se compra esse liquido engarrafado. Na Islândia enche-se a garrafa com agua da torneira e se estamos em viagem, nos rios ou nascentes. Se vemos alguém de guarda chuva ou a comprar agua engarrafada nos supermercados, cheira a turista ou visitante ocasional.

Existem milhares de quedas de água por toda a Islândia, sendo uma das suas principais atrações. Quando estou com os grupos na estrada, divido sempre os rios em 2 grupos: os rios de nascente e os rios glaciares (de geleira). Os rios de nascente tem a cor mais azulada e são translúcidos. São também mais caudalosos no Inverno, como acontece, por exemplo, em Portugal e no Brasil. Os rios glaciares (de geleira) tem uma cor acastanhada (barrenta), devido ao "polimento" e consequente libertação de areias e detritos, originado pelo avanço e recuo dos glaciares (geleiras). O seu caudal é maior durante o verão, devido ao maior degelo provocado pelas temperaturas mais altas. É o caso de Dettifoss.

 

Dettifoss pelo lado Oeste

 

Dettifoss é considerada a mais caudalosa e poderosa queda de água da europa. Localiza-se dentro dos limites de um Parque Nacional, onde se encontra Vatnajökull o maior glaciar (geleira) da europa. Num dos limites do glaciar, nasce o rio Jökulsá á Fjöllum (traduzido: rio glaciar das montanhas), que se dirige de sul para norte da ilha, até desaguar no oceano glacial ártico (ou atlântico norte).  Ao longo dos séculos, o glaciar tem avançado e recuado. Depois da ultima glaciação o seu recuo cavou um canyon e originou esta imensa queda de água - Dettifoss. Com os seus 100 m de largura e 45 m de altura tem um caudal médio de aprox. 190 m³/s, mas durante o verão pode deixar cair muito mais de 200 m³/s.

Dettifoss fica no planalto central islandês, envolta em pedra, pó e areia. O ano passado foi alcatroado o acesso o oeste pelo sul. Mas a melhor vista continua a ser pelo lado leste, onde a estrada continua a ser em terra batida, "gravilhada" aqui e acolá.  Apesar do pó vale a pena a viagem. Pela queda de água em si, pelas colunas basálticas e formações rochosas do canyon e por toda a envolvência inóspita, por vezes lunar, que nos pode remeter ao imaginário de uma busca a um qualquer "pueblo" mexicano perdido, algures no tempo e no espaço.

 

Vídeo com Dettifoss filmada pelo lado oeste e pelo lado leste

 

publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 20:26
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Domingo, 25 de Março de 2012

A "Saga" do Great Auk Skerry

 

 O Extinto Great Auk Skerry

No post anterior o conto, de "ruiva" a baleia demoníaca, inicia-se em Geirfuglasker uma ilha rochedo, inacessível aos humanos, não só pelos penhascos impressivos e escarpados, mas também pelas correntes marítimas que a circundava. Geirfuglasker significa rochas dos Great Auk Skerries (geirfugl significa Great Auk em islandês), uma ave marinha mítica na Islândia, que se acredita extinta. Pertencia à família dos pinguins (Pinguinus impennis).

O Great Auk, talvez seja a ave extinta mais famosa do mundo, ao lado do Dodo. Habitavam o Oceano Atlântico Norte, em diversos pontos da América do Norte, Gronelândia, Islândia e Europa. Apesar da similaridade com os pinguins do Atlântico Sul, não lhes deviam qualquer parentesco. Passavam 10 meses do ano no alto mar, caçando peixes e lulas, retornando à ilhas oceânicas para reprodução, em grandes colónias. Nessas poucas semanas em terra firme, os Great Auks eram perseguidos pelos humanos. Existem indícios de que a espécie era perseguida pelo homem à cerca de 100 mil anos atrás, mas foi durante os séculos 16 e 17 que os Auks passaram a ser caçados com uma maior intensidade. No início do século XVIII os Great Auks Skerries já se encontrava limitados a algumas ilhas mais isoladas. A maior das colónias reprodutivas passou a ser na Ilha de Funk, em Newfoundland, no Canadá, onde as aves se concentravam em grandes números entre Maio e Junho. Infelizmente para os Auks, a llha de Funk era o primeiro ponto de terra firme para os navegadores vindos da Europa em direção à América do Norte. Marinheiros famintos atracavam na ilha e matavam centenas destas aves. No final do século XVIII esta grande colónia havia sido devastada e a espécie sobrevivia apenas em algumas poucas ilhotas isoladas na costa da Islândia. Em uma dessas, pelo menos, a espécie parecia estar segura. Era na Ilha de Geirfuglasker, que contava com correntes fortíssimas e ondas grandes, sem nenhum acesso para se atracar de barco. Enquanto a espécie era massacrada em outras ilhas próximas, a colónia de Geirfuglasker sobrevivia.

Mas o destino tem alguns caprichos incontornáveis e no inverno de 1830 uma explosão vulcânica submarina faz com que a ilhota de Geirfuglasker desapareça no mar. Talvez fosse cómico se não tivesse sido trágico. Quando em Maio desse ano os Great Auks retornarnaram para a ilha, viram que ela havia simplesmente desaparecido e escolheram a ilhota próxima chamada de Eldey para acasalarem. Apesar de ter também, um difícil acesso, não era o suficiente para evitar a ganância humana, e lá sim, o homem conseguiu chegar. Havia cerca de 50 Great Auks em Eldey em 1835, 24 Great Auks foram mortos. Um ano mais tarde capturaram mais 13 Great Auks. Em cada viagem se trazia um número menor, até que em Junho de 1844 apenas dois indivíduos, um macho e uma fêmea chocando um ovo, foram mortos. Nunca mais um Great Auk Skerry foi visto.

A captura desses últimos 2 Great Auks é descrita em detalhes por John Wolley e Alfred Newton, dois ornitólogos que na altura pesquisaram o assunto pormenorizadamente: "No dia 2 ou 3 de Junho um barco a remo com 8 pessoas chegou à Ilha de Eldey, onde desembarcaram 3 homens. Logo eles viram dois Great Auks Skerries, no meio de centenas de outras espécies, como gaivotas. Perseguiram os Great Auks e estrangularam os dois. Já sabendo da raridade desta espécie, os dois homens resolveram regressar e ir até à capital da Islândia, para tentar vender as espécimes a colecionadores. No caminho encontraram um colecionador, que comprou as duas espécimes. Não se sabe onde foram parar esses 2 Great Auks, mas tudo indica que possam ser as espécimes dos museus de Los Angeles e Bruxelas."

 

publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 23:03
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Sábado, 10 de Março de 2012

Pequenos momentos com clientes na Islândia

 

Depois de alguma ausência do blog, estou já, a preparar alguns textos, vídeos e fotos para recomeçar as postagens.

 

Numa altura em que o verão se aproxima, juntamente com a época de alta turística, deixo um pequeno vídeo com algumas viagens que fiz como guia em 2010, aqui na terra do gelo e do fogo. São breves momentos acompanhando e dando a conhecer a Islândia, tanto a grupos grandes como individuais.

 

 

Entretanto a Ice Tourism sugere dois programas na Islândia que deixo nos links abaixo:

 

1. À Descoberta da Islândia 2012: O nosso programa de verão para grupos com saídas/datas em:

23 a 30 de Junho

7 a 14 de Julho

21 a 28 de Julho

4 a 11 de Agosto

 

Qualquer pessoa pode-se inscrever pelo preço de 1709 €.

Inclui guia em lingua portuguesa, Blue Lagoon, museus assinalados, seguros, autocarro, Alojamento em hotéis regime B&B.

 

http://www.icetourism.com/images/Programas/À%20Descoberta%20da%20Islândia%202012%20-%20Ice%20Tourism.pdf

 

2. Islândia em Apartamentos, Chalés, Guesthouses e Pousadas 2012: A forma mais barata de viajar na Islândia. Um produto direccionado para o viajante independente, que gosta de explorar a natureza. Se dispensa o hotel e é movido pela curiosidade, descoberta, conhecimento, interactividade, de conduzir por si próprio e sentir a realidade dos países, este é o pacote ideal! Preço desde 590 €.

Inclui carro (em sistema de Self & Drive), seguros, estadias em chalés, guesthouses e pousadas em lindíssimos locais, capa com brochuras, programa e mapa com o percurso, locais de interesse turístico e o alojamento devidamente assinalados, telemóvel, Transfer no dia da partida, museus assinalados e Blue Lagoon.

 

http://www.icetourism.com/images/programas/Islândia%20em%20Aps,%20chalés,%20guesthouses%20e%20pousadas%208-11%20dias%207-10%20noites%20self&drive%20verão%202012.pdf

 

publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 15:16
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Segunda-feira, 5 de Abril de 2010

Formação Geológica da Islândia – Parte1

O delicado equilíbrio entre vulcões e glaciares

 

O vulcão Fimmvörduháls no Eyjafjallajökull - Islândia

 

Os vulcões na Islândia

 

A Dorsal Mesoatlântica

Em 1912 o cientista alemão Alfred Wegener reparou que as massas continentais pareciam encaixar-se umas nas outras. Isso, levou-o a teorizar que os continentes já tinham estado unidos e que uma força invisível os estava a separar. Só em 1946, altura em que a marinha dos EUA mapeou o fundo do oceano pela primeira vez, usando uma tecnologia de imagem por sonar, foi revelada a existência de uma cordilheira de montanhas submarinas com mais de 16.000 km de extensão, separadas por uma gigantesca fenda que passa pelo centro do oceano atlântico. Essa fenda é a Dorsal Mesoatlântica que delimita as placas tectónicas americana e euroasiática. No fundo do oceano correntes de convexão de rocha derretida (magma) abrem a crosta terrestre e deixam que o magma se infiltre apartando os continentes. Em 1974, um pequeno submarino oceanográfico conseguiu descer às profundezas do oceano para estudar a fenda. Nessa altura, foi possível constatar os gases vulcânicos quentes a borbulhar no oceano, demonstrando que a dorsal mesoatlântica é altamente vulcânica e capaz de apartar massas de terra gigantescas como os continentes.

Uma vasta planície composta por lava vulcânica ocupa o centro da Islândia, onde grandes fendas dão uma textura fora do comum à paisagem.

A fenda de Thingvellir é a continuação da dorsal mesoatlântica e o mesmo processo que afasta a América da Europa acontece neste local emblemático dos islandeses. Thingvellir e a Islândia estão a crescer cerca de 2,5 cm por ano, existindo cada vez mais fendas na rocha do vale.

Correntes convectivas de rocha líquida empurram e dividem a dorsal mesoatlântica. O magma invade as fendas e preenche-as, pois à medida que se aproxima da superfície endurece e forma nova área.

 

O Hot Spot da Islândia

A composição da rocha na Islândia é diferente da de outros lugares. É através da análise das rochas que sabemos se ela se formou em local profundo ou se perto da superfície.

As rochas analisadas do vulcão Hekla revelaram concentrações altas de propriedades raras como a Lantánio e o Césio, elementos químicos formados apenas no magma a grandes profundidades. É a confirmação que outra fonte de calor muito mais profunda se combina com a dorsal mesoatlântica e alimenta os vulcões do país.

Quando as placas tectónicas se movem geram ondas de choque denominadas de ondas sísmicas. Estas ondas deslocam-se em velocidades constantes, a não ser que atinjam uma zona de rocha líquida (magma), causando a diminuição da velocidade, como acontece na Islândia. Quer isso dizer que existe rocha muito quente ou material em ebulição por baixo da superfície. É o Hot Spot da Islândia.

Hot spots são colunas de material quente e/ou magma fundido q vem das profundezas da terra e jorra para a superfície. Existem na Islândia, Hawai e em Yellowstone.

O Hot Spot q se encontra em baixo da ilha tem 160 km de largura e mais de 600 km de profundidade. Lentamente a coluna lança rochas a mais de 900 º C, isso empurra a crosta terrestre, aquece a terra por baixo e força o magma até à superfície, expelido como lava.

 

A combinação das duas forças: A Dorsal mesoatlântica e o Hot Spot da Islândia

Há milhões de anos a dorsal mesoatlântica desviou-se para oeste em direcção ao hot spot da Islândia. Quando se encontraram, formaram uma parceria que se mantém até hoje, originando uma força capaz de criar magma em escala monumental e que começou a construir a ilha debaixo da água e empurrou-a para a superfície.

A passagem da dorsal pelo hot spot origina o efeito de descompressão. O Hot spot leva calor do centro da terra para a superfície e também cria fusão, a combinação entre descompressão da rocha abaixo da superfície e o transporte de calor vindo debaixo da terra cria uma grande quantidade de magma.

Em 1963 o mundo viu uma repetição em escala pequena de como terá surgido a Islândia, com Surtsey (sobre Surtsey ver o post neste blog:http://iceland-views.blogs.sapo.pt/9990.html).

 

 

Assim, foi a conjugação destas duas forças colossais que deu origem há Islândia há cerca de 20 milhões de anos. A Dorsal mesoatlântica e um profundo hot spot.

 

publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 22:53
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Terça-feira, 23 de Março de 2010

Eyjafjallajökull - Erupção Vulcânica no Glaciar

 

 20 de março de 2010. Após a meia noite o vulcão venceu o gelo do glaciar, oferecendo-nos um dos mais belos espectáculos da natureza.

 

Estava eu no leste da Islândia, a passar um fim-de-semana com os amigos num local muito bonito chamado Eskifjördur, quando recebo a notícia do início de actividade do vulcão. Pelo menos, o inicio visível, já que há vários dias que a actividade sísmica da região era intensa. A questão era saber, se resultaria numa erupção com estas características.

É então a altura de abordar novamente o assunto do vulcanismo na Islândia. E já que este vulcão se encontra no meio de um glaciar, o que proporciona imagens vídeo de rara beleza, vou abordar nos próximos dias, o delicado equilíbrio entre vulcões e glaciares.

A preceder esse post, deixo este vídeo que mostra a beleza de um vulcão em erupção num glaciar. Repare-se que não existe um cone vulcânico e sim uma fissura que no caso do vulcão do glaciar de Eyjafjallajökull tem cerca de 1 km de extensão. A lava é lançada para o exterior ao longo de toda a fissura. Contudo, tendo em conta o historial vulcânico da Islândia este não passa de um pequeno vulcão. Quando o Hekla entrou em erupção no ano 2000, não foi apenas o cone vulcânico que explodiu. A terra abriu-se numa fenda ao longo de 8 km, lançando 20 milhões de m3 de rocha líquida por hora. Em termos geológicos denominam-se estas erupções de fissurais e são normais nos vulcões islandeses, ajudando a compreender por que motivo se produz na maior ilha vulcânica do mundo, 1/3 de toda a lava do planeta.

Com o vídeo fica a promessa de um post nos próximos dias, sobre a formação geológica da Iceland e o delicado equilíbrio entre o gelo dos glaciares e o fogo dos vulcões.

 

A minha expedição ao vulcão Fimmvörduháls no glaciar de Eyjafjallajökull

publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 20:20
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Sábado, 10 de Janeiro de 2009

Neve em Portugal?

 

Portugal está debaixo da neve entre a alegria e o caos. Não posso deixar de sorrir quando uns meros floquitos (às vezes mais no estado liquido, outras vezes mais em formato de gelo) provocam a paralisação geral. Para uns, o estado deveria pagar pela insensatez dos pequenos acidentes. Para outros, foi a folia geral!

Já agora, ficam imagens da neve em Akureyri e nas montanhas que acompanham o belíssimo fiorde da cidade onde me encontro. As escolas não fecham, não vejo acidentes nas ruas e tudo segue a seu curso normal (mesmo com o estigma da bancarrota)...

Alguém já viu nevar em Portugal ou estarei a ser maldoso?

 

publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 01:49
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Terça-feira, 9 de Dezembro de 2008

Eyjafjördur - entre o branco e o púrpura.

Chegado o inverno, a ilha vestiu-se de noiva, deslumbrando-nos a cada instante com o charme da solitude épica. Os tons púrpuras do céu, revelam-nos as infinitas possibilidades dos dégradés do extenso manto branco.

Esta é uma das paisagens que me acaricia quase diariamente.
 

 

Com os seus 60 km de extensão, o Eijafjördur (fiorde Eyja) é dos maiores e mais belos da Islândia. Akureyri, Grenivík, Dalvík ou a ilha de Hrisey, são alguns dos núcleos populacionais ao longo do fiorde a merecer uma visita.

 

Charming and fair is the land,
    and snow-white the peaks of the glaciers,
Cloudless and blue purple is the sky,
    the fjord is shimmering bright...

 

adaptação livre de um excerto do poema Iceland de Jónas Hallgrímsson

 

publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 03:53
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Segunda-feira, 24 de Novembro de 2008

Surtsey - A ilha vulcão e a exposição em Reykjavík

A Ilha vulcão de Surtsey

  

 Uma erupção de lava em 24 de Abril de 1964, numa vista para nordeste de Surtsey. No canto superior direito pode ver-se uma fotografia aérea de 29 de Agosto de 2002.

 

A Islândia é geologicamente, o país mais recente da Europa. Formou-se, devido a uma série de erupções vulcânicas, há cerca de 20 milhões de anos.
A dorsal meso atlântica que maioritariamente é submarina emerge na Islândia. Essa dorsal separa na ilha, a placa tectónica norte-americana da placa tectónica euro-asiática. As placas estão em movimento o que origina a actividade vulcânica intensa ao longo da dorsal (é a mesma que passa pelo os Açores). Sendo assim, a Islândia está em actividade vulcânica permanente.
Por isso costuma-se dizer que a Islândia continua em formação. A confirmação é Surtsey, a ilha vulcão que veio aumentar um pouco mais as dimensões do país, decorria o ano de 1963.
Surtsey (baptizada em homenagem a Surt, o gigante do fogo da mitologia nórdica) integra a mais recente lista da UNESCO do Património Mundial da Humanidade. É a mais recente ilha do oceano atlântico e a parte mais meridional da Islândia, pertencendo ao arquipélago de Vestmannaeyjar (ver neste blog o post: O pequeno arquipélago de Vestmannaeyjar - http://iceland-views.blogs.sapo.pt/5470.html).
  

Vídeo da formação da ilha de Sustsey numa das erupções vulcânicas mais acompanhadas de sempre 

 

Foi a 14 de Novembro de 1963 que a pequena ilha emergiu no Oceano atlântico, numa erupção que começou a 130 m de profundidade. As violentas explosões causadas pelo rápida expansão do vapor sobreaquecido, produzido pelo contacto da água do mar com a lava incandescente, levou a que a ilha fosse essencialmente constituída por escórias de rocha vulcânica, de muito baixa densidade e com um grau de agregação diminuto, deixando a estrutura em extremo vulnerável à erosão marinha. Contudo, nesta fase, a produção de novo material excedia em muito a erosão, pelo que a ilha continuava a crescer. A partir de 1964, o vulcão até então constituído essencialmente por tefra, ganha uma dimensão em altura que faz com que a sua chaminé não estivesse mais em contacto com a água. A erupção ganhou um carácter menos explosivo, passando a emitir correntes de lava basáltica, que reforçaram os terrenos onde penetravam e recobriram boa parte da estrutura com uma camada de rocha consolidada. Isso impediu o rápido desaparecimento da ilha, como aconteceu com as suas pequenas irmãs, Syrtlingur e Jólnir. As erupções duraram até 5 de Julho de 1967, altura em que Surtsey atingiu as suas maiores dimensões (2,7 km2). Desde então, a erosão marinha e o vento tem vindo a reduzir gradualmente a sua área (actualmente inferior a 1,4 km2).
  
 As crateras semicirculares no centro tem actualmente aproximadamente 154 m de altitude
 
Em 1965 a ilha foi declarada como uma reserva natural, tendo-se transformado num autêntico laboratório de investigação ao ar livre. Não podemos esquecer que na Islândia existe uma comunidade de vulcanologistas experientes. Assim, a ilha foi estudada intensivamente desde os estádios iniciais da erupção, fornecendo um modelo de grande interesse para os estudos de vulcanologia e evolução dos materiais vulcânicos, erosão costeira e ecologia, com destaque para estudos sobre os tufos vulcânicos e os processos de colonização vegetal de novos territórios insulares. Têm sido apresentados inúmeros estudos sobre diversos aspectos da biologia e ecologia das espécies que entretanto se foram fixando na ilha.
Ainda hoje, apenas cientistas credenciados em investigação de campo são autorizados a desembarcar na ilha. Os visitantes apenas a podem sobrevoar de avião ou avistá-la a partir de embarcações.
 
A Exposição Surtsey - Genesis na Casa da Cultura de Reykjavík
  
Vídeo montagem da exposição Surtsey-Genesis na casa da Cultura - Centro Nacional do Património Cultural em Reykjavík
 
Existe um motivo para fazer este post sobre a ilha vulcão de Surtsey. É que quando cheguei à Islândia em 2007, fui à Casa da Cultura em Reykjavík para ver a exposição multimédia surtsey – génesis.
Na Casa da Cultura, um Centro Nacional do Património Cultural, podem ver-se varias exposições em simultâneo, sendo algumas de carácter mais permanente. Entre estas, refira-se a dos manuscritos medievais - Eddas e Sagas, livros onde se encontram narrados todos os feitos vikings que tanto orgulham os islandeses. Haverei de falar sobre as Sagas vikings e do Eddas num post futuro. O Eddas foi já escrito pela pena do cristianismo. Contudo, o seu objecto acaba por ser o reflexo do paganismo na Islândia – as crenças e as sagas vikings.
Mas a exposição que nos interessa neste post é a e Surtsey – génesis. Esta exposição traça o nascimento e evolução da ilha vulcão, do início até aos dias de hoje, prevendo o desenvolvimento geológico e ecológico nos próximos 120 anos. São aplicadas as últimas técnicas multimédia para dar a conhecer as respostas de toda a pesquisa cientifica no terreno. A exposição é organizada pelo Instituto Islandês de História Natural.
Com o objectivo de partilhá-la convosco neste blog, antes da minha estadia em Portugal fui visitá-la de novo, acompanhado da minha pequena e antiga máquina de filmar.
Para quem não pode ir a Reykajvík, deixo acima o vídeo e a respectiva montagem. Abaixo, fica uma breve explicação, também em formato vídeo, das transformações da ilha sujeita à erosão marinha e eólica.
Espero que gostem!

 

explicação vídeo das transformações no diâmetro e área de Surtsey

 

Acesso ao web site da Sociedade de Estudo de Surtsey criada em 1965

http://www.surtsey.is/index_eng.htm
 
Voltarei ao tema do vulcanismo na Islândia num post futuro. É que não existe homem com a dimensão da natureza. Por isso, o fascínio chamado Islândia!
 
publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 13:54
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Quarta-feira, 19 de Novembro de 2008

A neve. Pela janela do quarto...

 

Foram 2 meses em Portugal e uma visita à Andaluzia espanhola. No Porto e em Sevilha respira-se a história da humanidade, em cada edifício, em cada monumento, por trás de cada janela. São segredos que nos revelam serpentes transvestidas de moiras. São os sonhos de um passado a guiar o nosso futuro. Na plaza del Salvador, as estátuas de Dali combinavam imagens bizarras, oníricas, com a excelente qualidade plástica que lhe é (foi) reconhecida.
No mesmo dia, passei de 25 º C para as temperaturas negativas de Akureyri. O regresso foi dia 24 de Outubro.
Na Islândia, a natureza exprime-se sempre com uma amplitude de movimentos surpreendente.
O que encontrei ficou registado no vídeo.
De minha casa…
 
Eu ando pelo mundo
Transito entre dois lados de um lado
Eu gosto de opostos
 
 
Pela janela do quarto
Pela tela, pela janela
 
publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 23:26
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Terça-feira, 19 de Agosto de 2008

Atrás do sol da meia-noite

 

in a place where the sky never darkens but dims...
a room dressed mostly in pink 

 

Neile Graham in "wearing nothing but the midnight sun"

 

 

 

Foi às 14 horas, do dia 20 de Junho, que parti com o meu amigo Vítor rumo aos West fjords (Fiordes do Oeste).
Esta era uma viagem que eu andava a programar há muito tempo e guardei-a para quando alguém muito especial viesse visitar-me.
Conheci o Vítor num dos locais mais improváveis, onde o silêncio pode ser constrangedor. Tinha acabado de entrar e ele chegou segundos depois. Ofegante perguntou:
- “ Vais para cima?”
- “Sim” respondi.
Íamos iniciar o mesmo curso de teatro organizado pela Seiva Trupe.
Com o fechar da porta e o movimento ascendente do elevador selou-se o encontro mais do que casual. Uma viagem de amizade que dura à mais de 15 anos.
Podemo-nos, muitas vezes, perder nos caminhos que trilhamos. Mas encontramo-nos na amizade, mesmo que por vezes existam hiatos.
 
Ir de encontro aos fiordes do Oeste é um dos mais belos passeios que poderão fazer na Islândia. É uma larga península separada do sudeste da Gronelândia por uma pequena faixa de oceano. Corresponde também à mais profunda e inóspita Islândia. Um pedaço de terra com a mais recortada linha costeira, polvilhada de fiordes e com uma tortuosa estrada que os desenha. Sendo praticamente uma ilha com uma densidade populacional baixíssima, foi das últimas regiões da Islândia a ser servida por estradas. Ainda hoje a gravilha substitui o alcatrão em muitos e extensos pedaços.
Mas sobre os west fjords irei falar num próximo post. Neste, o actor principal é o sol. O sol da meia-noite!
 
Enquanto fotografava e filmava compenetrado aquele solene sol, o Vítor consegue este instantâneo que guardarei para sempre.
 
Explicar o fenómeno do sol da meia-noite (midnight sun) em palavras pode não ser fácil. Por isso este post estará servido com fotos e 2 vídeos. Um filmado e montado por mim e que se denomina “atrás do sol da meia-noite”, testemunho desta nossa saga. Já no vídeo de baixo, condensam-se 3 horas em 10 segundos, para uma rápida visualização do fenómeno.
O sol da meia-noite acontece devido à inclinação do eixo da terra. A área em torno do pólo norte fica exposta ao sol durante 24 h/ dia no Verão. Quando a meia-noite se aproxima, o sol em vez de se esconder volta a subir.
Assim, enquanto no pólo norte e zonas limítrofes é dia durante 24 horas, no Pólo sul e zonas limítrofes é noite 24 horas e vice-versa.  
Num país tão místico como a Islândia, talvez tenha sido por intervenção divina esta viagem coincidir com o mais longo dia do ano. Dia 20 de Junho, pudemos ver um belo sol laranja no miradouro que fica em frente a Sudavík. Mas foi no dia 21 que apreciamos e acompanhamos o fenómeno em toda a sua dimensão e com o céu limpo, algures entre Bolungarvík e Ósvör. Depois de uma perseguição na tentativa de encontrar o melhor local para o observar, seguindo uma intuição que veio a revelar-se perfeita, ficamos num ponto onde poderíamos ver toda a boca do Isafjardardjúp (uma língua de mar cheia de pequenos braços ou fiordes).
Então, pudemos apreciar o sol da meia-noite, como dificilmente voltará a acontecer. A luz tem requintes de magia e os púrpuras invadem o céu. O sol apenas plana sobre as águas frias sem nunca molhar os pés e assim vai-se estendendo, preguiçando pelo horizonte. Depois, lentamente, quase trocista volta a levantar-se. Um erguer majestoso para quem nunca deixou a noite chegar!                                            

 

 Neste vídeo o realizador condensa 3 h em 30 segundos de forma a que se veja em que consiste o sol da meia-noite. 

 

Atrás do sol da meia-noite é o filtro possível do meu olhar e posteriormente da lente da minha antiga e fiel câmara de filmar digital. Mas o que não tem valido o pequeno investimento de 340 €.
Partilho convosco um dos mais belos fenómenos da natureza, com banda sonora dos islandeses Múm.
 
Nunca sabemos como será o futuro. Mas existem momentos, pela sua singularidade e intensidade que guardamos e que nos acompanharão a vida toda. Ter visto o sol da meia-noite é certamente um deles.
O Belo só existe na exacta medida em que se perpetua dentro de nós.
 
 

20 minutos separam os instantâneos das 2 fotos. Na montagem que fiz, poderá ver-se a trajectória horizontal do sol, percorrendo a boca que separa as extremidades do Ísafjardardjúp. Depois o sol voltou a subir, sem nunca se esconder.

 

para uma explicação esquematizada

 http://www.youtube.com/watch?v=dTkok9xetQM

 

publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 01:29
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