Num mundo onde a globalização é crescente, mas também um processo com séculos de História (e estórias), este é o registo das impressões e sensações, de um emigrante, numa cultura distinta e distante.
Música delicada, mais doce do que agre (embora também), mais uma vez remete-nos ao onírico. Cada pequeno som poderia ser o serpentear da neve cruzando a estrada, no inverno islandês. Por vezes, essas serpentes brancas apenas se estendem, contorcendo-se em movimentos preguiçosos. Outras vezes, formam cortinas impelidas pelo vento forte que nos retira o espaço, envolvendo-nos numa outra dimensão. Flutuando além do nosso tempo, somos transportados pelo som dos Sigur Rós. A saga do pós rock retro ambiental de contornos vanguardistas, é a melhor representação da dimensão dos espaços intocados e da natureza na Islândia. Ekki Múk, a nova música, precede o álbum a sair em Maio próximo. Tem tudo o que a banda nos habituou (incluindo a estética do vídeo). Demasiada beleza que não retirou um pequeníssimo travo a "déja vu", relativamente aos anteriores álbuns dos Sigur Rós. Um dia, gostaria de ser um dos passageiros do barco no vídeo.
Quem acompanha este blog sabe da importância da actividade musical na Islândia, tanto pela número de academias de música e arte, como pela quantidade de concertos e festivais que coloca o mercado interno em actividade constante, independentemente das áreas e estilos musicais.
Chegando a esta altura do ano, e seguindo aquilo que é uma constante na imprensa mundial, elegem-se os melhores discos dos últimos doze meses.
Sendo assim, vou deixar aqui a lista dos melhores discos islandeses de 2008 do Fréttablaðið, um dos diários de referência do país.
1. Sigur rós – Með suð í eyrum við spilum endalaust
2. FM Belfast – How to make friends
3. Dr. Spock – Falcon Christ
4. Lay Low – Farewell good night`s sleep
5. Mammút – Karkari
6. Sing Fang Bous – Clangour
7. Emiliana Torrini – Me and Armini
8. Retro Stefson – Montaña
9. Celestine – At the borders of Arcadia
10. Reykjavík! – the blood
Como fiz uma pequena pesquisa de forma a juntar a opinião de outras entidades (individuais e colectivas) poderei realçar outras edições do ano que findou.
Entre elas estão Evil Madness – Demoni paradiso; Bang Gang – Ghosts from the past (já falei sobre eles neste blog. Ver (http://iceland-views.blogs.sapo.pt/8066.html); Bragi Valdimar og Mamfisma Fian – Gilligill; Hugi Gudmundsson – Apocrypha; Ísafold – All sounds to silence come; the Viking Giant Show – the lost garden of the hooligans; Pikknikk – Galdur; Jeff Who? – Jeff Who? (ver neste blog em http://iceland-views.blogs.sapo.pt/9440.html), entre outros.
Os FM Belfast ocupam o segundo lugar da lista das melhores edições de 2008 com o disco How to make friends. O grupo de Reykjavík vagueia pelas ondas do Electro/Indie/House e o seu disco não deixa de lembrar-me, muitas vezes, os Gus Gus (ver post neste blog: http://iceland-views.blogs.sapo.pt/2513.html).
Actuaram na Casa da Música em Fevereiro, escrevendo no seu site “Porto were great great great. In Portugal we played in this weird house. It was an architectural wizardry of some sort. We managed to get lost in the building at least four times. All the people that came to our concert were so fabulous. The even danced so we decided to give them medallions. Múm and Bloodgroup played as well and they were both fun to see”.
Neste vídeo o tema é o delicodoce e retro-aveludado Par avion. Se pretenderem conhecer mais, fica o my space e o website dos FM Belfast.
Os votos de um 2009 pleno de realizações, com um zumbido nos vossos ouvidos!
Lay Low é a banda alter-ego da jovem cantora folk/blues/country Lovisa Elisabet Sigrunardottir que lançou o seu segundo álbum em 2008, ficando em 4º lugar da lista do Fréttablaðið.
No vídeo o tema By and By, aqui numa gravação em directo na igreja at Frikirkjan em Reykjavik.
Para quem quiser pesquisar mais, fica o my space e o respectivo website.
Estou de regresso à Islândia, depois de 2 meses em Portugal e uma passagem por Sevilha (a belíssima cidade da Andaluzia espanhola). Foi um duplo “choque”, tanto térmico, como nos processos de socialização. Nesses 2 meses, o colapso financeiro das instituições bancárias arrastou o Estado islandês para a bancarrota. De um dos países mais ricos do mundo, aos pedidos de ajuda e de empréstimos de dinheiro, foi um curtíssimo passo. Contudo, foi um passo demasiado grande para a amplitude económica do Estado Islandês. Quando me preparava para postar sobre a depressão, resolvi visitar o blog do meu amigo Fernando e o meu estado de espírito mudou mais rapidamente que o colapso económico do país. Os culpados foram os Jeff Who?
Os Jeff Who? (deixem estar lá o pontinho de interrogação) são mais uma das dezenas de interessantes bandas que circulam pelo universo Indie/Pop/Rock.
Como muitos outros grupos, trata-se da junção de um grupo de amigos e colegas de escola que começam a tocar juntos, organizando festas, rodeados de amigos e muitas cervejas (não necessariamente por esta ordem). No final de 2004 os Jeff Who? estão já formados e o ano de 2005 apadrinha o seu álbum de estreia. Death before Disco é editado pela Bad Taste Records e nesse ano a banda faz a 1ª parte do concerto dos Franz Ferdinand em Reykajvík.
Não encontro más canções em Death Before Disco. Gosto do som retro e sincopado da sua pop que transmite frescura e alegria (apesar de retro e frescura sugerir uma antítese). Para mim, elemento essencial para essa frescura é o piano de Valdi, sempre muito bem tocado.
O grupo cedo captou a atenção dos media islandeses, nomeadamente pelos seus 2 primeiros singles, Death Before Disco e Golden Age que os levaram a ganhar 3 prémios das rádios de Reykjavík e 1 Icelandic Music Award, no ano de 2007.
Mas o grande convite para a festa chega com a música Barfly. Não sei se a escolha do nome da música será tão inocente, já que me remete para 1987 e o filme com o mesmo nome, de Barbet Schroeder, com a chancela de Francis Ford Coppola e interpretações de Mickey Rourke e Faye Dunaway.
Deixo-vos o vídeo de Barfly, retrato sentido das noites islandesas, inevitavelmente regadas pela ingestão de quantidades ilimitadas de bebidas alcoólicas, potencializadoras do excesso e consequente decadentismo.
Acreditem que este não passou a ser um blog musical. Mas imaginem um país com 300 mil habitantes, 90 escolas de música, 6000 integrantes de coros, 400 orquestras ou bandas e um número impossível de saber de grupos de rock. A música na Islândia é um processo de identificação nacional do pós-independência.
Feita a introdução, vou falar acerca de uma das mais interessantes bandas islandesas que já conseguiu a internacionalização. Trata-se dos Bang Gang (não confundir com gang bang!) que com uma rebeldia arty, praticam um som agridoce facilmente assimilável pelos ouvidos dos adolescentes, mas com a capacidade de agradar a ouvidos mais exigentes. Especialmente, se esses ouvidos estiverem necessitados de um som de características Indie, conjugando guitarras, sons etéreos, reminiscências de trip hop e jogos melódico-vocais.
Na verdade, Bang Gang é o projecto de Bardi Johannsson, o talentoso compositor/perfomer/produtor. O projecto caminha numa andrógenia a lembrar os Placebo, algures entre um rock de guitarras e um imaginário que recorda Serge Gainsbourg. Muitas vezes, o seu som é etéreo e utiliza crescendos como se de uma ópera se tratasse. Em algumas músicas a voz de Bardi contracena com um vocal feminino, também melódico. Com Keren Ann, Bang Gang já fechou o Art Festival de Reykjavík, acompanhados pela Icelandic National Symphony Orchestra.
Find what you Get é um dos temas fortes de Something wrong, disco de 2003
A discografia engloba 3 álbuns de longa duração:
You – versão islandesa em 1998 e versão francesa em 1999
Something Wrong– 2003. Este é o registo que confirma os Bang Gang. Um belo trabalho, onde não falta uma versão delico-doce do tema Stop in the name of love das Supremes. Conta com a participação de Nicollete (que trabalhou com os Massive Attack) e Daniel Agust dos Gus Gus. Destacam-se os temas Inside, Follow e Find what you get.
Stop in the name o love é um original das Supremes. Esta é a versão dos Bang Gang que integra o disco Something Wrong de 2003
Follow é um original dos também islandeses Sigur Rós. Aqui reinterpretada pelos Bang Gang
Ghosts from the Past– 2008. O mais recente álbum e um dos bons lançamentos do ano, nomeadamente para quem gosta de indie-pop. Este é um disco em que as referencias se confirmam. Nomeadamente, um som que remete aos Dandy Warhols. Assim, Ghosts from the Past oferece-nos o pseudo intelectualismo urbano a conviver com a folk islandesa, numa embalagem psicadélica semi acústica, pitadas de glam lo-fi e o indespensável hipe a acompanhá-lo. Sinceramente, para mim trata-se de uma fórmula sedutora. Nunca escondi o apreço pelos americanos Dandy Warhols e os islandeses Bang Gang, sem perderem o seu próprio carisma, resgatam parte desse imaginário. O tema mais requisitado de Ghosts from the Past tem sido I Know I sleep.
Na ausência do vídeo, fica o som de I Know I Sleep que integra Ghosts from the Past de 2008
Deixo-vos alguns vídeos, bem como o My Space e o site oficial.
Para quem não conhecia, está feita a introdução aos Bang Gang.
Quando soube que a Björk tinha uma versão de uma música do Milton Nascimento comecei a minha busca. Quando comecei a ouvir “travessia” fiquei de boca aberta. A primeira reacção foi um sorriso que teimosamente permaneceu na minha face. A meio da música apercebo-me que a Björk está a cantar em português! Do sorriso passei ao riso (ainda bem que estava sozinho)!!!
A sua voz recorda-me quando lançou o seu primeiro disco ainda criança. Sobre a nova cantora de MPB deixo os comentários para voçês.
Faz 50 anos que o baiano João Gilberto inventou a bossanova, com uma batida de violão inovadora e uma voz introspectiva, pincelada de timidez. A bossanova, apesar da linguagem jazzística, é mais minimal, delicada e elegante.
A revolução aconteceu em 1958, com “chega de saudade” e para além de João Gilberto, não poderemos deixar de lado a mestria de António Carlos Jobim e do poeta Vinicius de Morais, bem como o talento de Carlos Lyra (tem letras muito inteligentes) e Roberto Menescal (o seu filho integra actualmente o projecto denominado Bossacucanova, que reescreve a bossanova, com o recurso da electrónica).
Na década de 60 a bossanova conquistou os grandes nomes e editoras do jazz americano. “Getz e Gilberto” (Verve -1963), “António Carlos Jobim” (Verve – 1963), entre outros, são obrigatórios em qualquer discoteca pessoal.
Um apaixonado pelo Brasil como eu, nomeadamente no que à música diz respeito (quem me conhece sabe a paixão musical por Tim Maia e Jorge Ben), conseguiu encontrar interacções entre o Brasil e a Islândia.
Num dos meus primeiros dias em Reykjavík, no café Cultura, assisti à apresentação de um músico brasileiro, acompanhado por 2 dos mais conceituados músicos de jazz Islandeses. Falo do saxofonista Oskar Gudjonsson e do guitarrista Omar Gudjonsson. Intercalando música tropicalista com bossanova, tocaram alguns géneros regionais como por exemplo, o baião nordestino (descansem que não houve lugar para forrós a lembrar calcinha preta!).
Em Fevereiro deste ano a actriz e cantora carioca Jussanam, actuou com Tomas Einarsson, também ele, um dos mais respeitados compositores e contrabaixistas de jazz da Islândia. Nesta actuação, foram acompanhados por Oskar e Omar Gudjonsson.
Tomás R. Einarsson nasceu em Reykjavík em 1953 e editou 13 discos até à data. Poderão ver todo o seu currículo nos links que deixo em baixo, bem como consultar o MySpace, onde poderão ouvir um disco de remisturas de composições de Einarsson e do seu latin jazz, transvestido pela electrónica tecno de músicos e DJs islandeses, ingleses, alemães e franceses. Destaca-se neste disco a participação de elementos dos Moloko e Gus Gus.
Da colaboração entre Tomas Einarsson com a brasileira Jussanam, poderão ver uma actuação na TV da Islândia, em 26/2/2008. No programa Kastljós, apresentam o clássico " Ela é carioca ", de Tom Jobim. Uma interpretação menos minimal e que se afasta do tom vocal intimista e contido da bossanova, para se soltar em mais escalas, numa liberdade jazzística (os músicos que a acompanham são de jazz e não desdenham o experimentalismo). Os puristas da bossanova poderão não achar muita piada, mas a verdade é que hoje em dia os melhores resultados nascem do risco dos cruzamentos e do exprimentalismo. Verdade seja dita, seguindo a mesma linha de raciocinio que esse risco e exprimentalismo redunda, muitas vezes, em desastre. Mas não será aqui o caso.
Fica o link desta apresentação, referindo que Jussanam estará desembarcando de novo na Islândia em Agosto. Desta vez, para ficar por algum tempo.
Que possamos nos barzinhos de Reykjavík, sentir um pouco do calor tropical que tanta falta faz. No meio do gelo, teremos no próximo Inverno um cantinho para nos aquecer.
Actuação de “Ela é carioca” de Tom Jobim no programa Kastljós da TV Islandesa-26/2/2008
Desde a abertura deste blog que a duvida subsiste. Postar ou não sobre a Björk. Mas a questão é sempre a mesma. Escrever o quê? Haverá alguém que não conheça a personagem? Estou certo que existem mais pessoas a conhecer a Björk do que a saber algo sobre a Islândia. Talvez devesse ter criado um blog sobre a Björk e nele colocar um post sobre a Islândia!
A menina à muito deixou de ser uma menina. Para muitos não é também uma senhora. Talvez um alien. Eu acredito que Björk esteja mais próximo de um elfo, afinal é islandesa!
E como será a relação destes com a sua única celebridade à escala mundial?
Quando cheguei à Islândia ouvi inúmeras vezes nos cafés, músicas dos diversos discos editados pela cantora. Mas ela não é consensual. Aliás, não poderia ser. Na Islândia como em Portugal, o sucesso de uns não cai bem a todos. Para os mais idosos ela "não bate bem da bola", o que dito por um islandês toma proporções ainda maiores. Não quero dizer com isto que os islandeses não batem bem da bola. Antes que são muito tolerantes (na verdade, talvez seja um misto das duas coisas!).
Não esperem neste post uma apresentação da Björk, já que há muito tempo ela deixou de ser aquela cantora de culto independente ou alternativo. A senhora pertence ao restrito grupo das celebridades à escala universal.
A sua característica voz e feitio fazem com que muitos pensem que ela é uma alienígena. É através dessa voz que entramos no mundo das fábulas e sonhos que ela nos faz chegar através da arte. Sim, eu disse arte e não música, sendo esse um dos motivos, pelo qual a lista de prémios e distinções é ainda maior. Björk é cantora, compositora, actriz, artista multifacetada vendedora de fábulas e sonhos, premiada em todas as áreas com os mais importantes prémios. Como exemplo, posso referir que Björk já tem no currículo 12 grammy awards (os prémios mais importantes da música à escala mundial), 1 Academy award (os prémios mais importantes do cinema à escala mundial), 7 Brit Awards (os prémios mais importantes da música em Inglaterra), o prémio de melhor actriz no festival de Cannes, 2 Globos de Ouro (não, não são os da SIC nem foram entregues pela Catarina Furtado), entre outras distinções.
Neste post, aproveito para fazer uma retrospectiva da sua carreira musical via vídeo.
Espero que usufruam!
Em 1977, com apenas 11 anos de idade, Björk lançava o seu primeiro disco. Um disco de covers cantadas em islandês, onde se incluia o famoso "the fool on the hill" dos Beatles. Björk não só cantava como tocava instrumentos como flauta transversal.
Em 1981, aos 16 anos de idade, Björk integrava os Tappi Tikarrass, incentivando os adolescentes islandeses com bandas musicais a serem eles próprios e a não copiarem os U2.
Entre 1986 e 1992 Björk integra os Sugarcubes que representa o inicio da sua internacionalização. Os Sugarcubes tornam-se conhecidos no circuito Indie mundial com o lançamento do seu primeiro album intitulado Life’s Too Good de 1988,lançado pela One little Indian.
O experimentalismo e a poesia/lirica continuam a acompanhar Björk nos dias de hoje. Poderemos ver neste vídeo a cantora ao vivo na igreja de Riverside em Nova Iorque com Pagan Poetry.
Em 1993, o primeiro album a solo, Debut, lança Björk para o grande panorama musical mundial. Human Behaviour é uma das musicas de ponta. Aqui ao vivo no Royal Opera House.
Em 1997, saí Homogenic. Mais um excelente album aqui representado com Hunter, num excelente vídeo.
Mas Björk não é uma menina de feitio fácil. As dificuldades de conciliação artística com o realizador Lars Von Tryer no filme Dancing in the Dark, em que Björk era actriz principal, são por demais conhecidas. Assim, acabarei este post com um pormenor que não desdenharia a uma revista cor de rosa. Björk, bem ao estilo de uma mulher islandesa, num acesso de raiva. É que na islândia, as pessoas nunca foram muito "polite"!
Desde o início deste blog que tenho a duvida de editar ou não um post sobre a Björk. Decidi que irei fazê-lo. Antecipando esse post, segue este vídeo com a cantora ao vivo em Nova Iorque, com All is full of love. Sugiro o aumento do volume do som do vosso computador, até porque a gravação está baixa mas de boa qualidade. Referência para a metáfora poética ao minuto 3.00. Neste vídeo veremos a Björk mainstream mas nem por isso menos alienígena. O post seguirá dentro de momentos…
Desde que aterrei neste país, umas das coisas que mais me tem fascinado é a quantidade de grupos musicais que existem per capita (e o espectro vai desde a musica erudita até ao rock mais underground). Em cada rua, numa casa, num sótão ou garagem, existe o som de um ou mais instrumentos. Um som que se estende até à rua, de encontro aos transeuntes mais distraídos.
Pesquisava o site oficial do aldrei fór ég sudur rock festival quando um nome me chamou a atenção. É que a voz entranhou-se na primeira audição (embora nem sempre isso seja sinal de qualidade). A partir daí fui atrás, tentando saber e encontrar mais acerca daquela vozinha doce, por vezes frágil mas sempre intensa. No Youtube encontrei um vídeo da menina. Dísa é o seu nome e está em vésperas de lançar o seu primeiro álbum. Se a voz se mantiver tão intensa como no vídeo que poderão ver abaixo, será um deleite para mim e não só. Claro que depois existem as letras, a conjugação de acordes, a subtileza, os arranjos e todo um sem número de variáveis que poderão (ou não) deitar tudo a perder. Ainda para mais, quando me parece evidente que a menina quer navegar pelas águas da Pop. Mas uma voz destas é sempre um achado. Falta saber a gestão que Dísa fará do potencial que tem.
Para além do vídeo da música missing party, onde a voz é apenas acompanhada por uma viola acústica, num belíssimo momento filmado num apartamento de um amigo em Reykjavík, deixo-vos também o seu My space.
Partilho Dísa convosco.
Dísia, interpretando no apartamento do seu baixista em Reykjavík, a musica missing party numa versão acústica, apenas acompanhada por uma viola.
Imaginem o local mais remoto da Europa. Um local onde quase ninguém lá chega e que se o Inverno for rigoroso, pode mesmo ficar temporariamente inacessível.
Pois bem, esse local, situado no fiorde que lhe dá o nome, é Isafjördur. Tem 3 mil habitantes e é a maior cidade da inóspita região. Refira-se que todo o noroeste da Islândia não ultrapassa os 10 mil habitantes, entre pequenos aglomerados de habitações e quintas que coabitam com fiordes e montanhas silenciosas.
Mas Isafjördur não é só o silêncio da natureza. No isolamento da região nasceu há alguns anos, um dos mais interessantes grupos de música independente islandesa. Refiro-me aos Muginson e foram eles que à 5 anos atrás resolveram criar o Aldrey for ég Sudur Rock Festival (traduzindo: Festival Rock eu Nunca fui ao Sul).
Assim, no final de Março, num armazém de peixe desactivado, desfilaram em 2 dias, as mais criativas bandas alternativas, como os Hjaltalín (vencedores de 3 distinções no Icelandic Music Awards 2008), Sprengjuhöllin (também nomeados para os Icelandic Music Awards – postei sobre eles em 9-2-08), SSsól, Eivör Pálsdóttir e Muginson, intercalados com novos grupos e projectos. Tudo isto, num ambiente descontraído e onde todos convivem como se fossem uma só comunidade celebrando a música.
Foram 2 dias, 34 bandas e tudo isto gratuitamente!
Todos os grupos tocam 20-30 minutos com o mesmo P.A. O Palco é decorado com redes de pesca e luzes de natal e num ambiente de amizade celebra-se a música e o rock, seja no seu estado mais puro, seja recorrendo aos sons híbridos da electrónica.
O vídeo que podem visualizar neste post retrata um momento da actuação dos Muginson durante o festival. Poderão assim inferir o ambiente vivido. Aconselho também uma visita ao website do Aldrei for ég Sudur, no link mais abaixo.
Quanto a mim, se ainda estiver na Islândia, marcarei presença no festival do próximo ano.
Muginson ao vivo no Aldrei fór ég Sudur rock festival 2008