Quinta-feira, 28 de Junho de 2012

Dia Nacional da Islândia em Akureyri

 

 

É no dia 17 de Junho de cada ano que a Islândia comemora o seu Dia Nacional. Esta foi a data escolhida, por ser o aniversário de Jon Sigurdsson, proeminente líder do movimento de independência no séc. XIX.

 

Foi em 1944, numa altura que a Dinamarca estava ocupada pelas tropas alemãs, que a Islândia fez a sua proclamação da independência. O primeiro presidente da jovem republica  foi Bjornsson Sveinn.

 

Como é normal em nações ainda recentes, a Islândia tem um grande orgulho nacional e o 17 de Junho tem a participação da quase totalidade da população. Durante todo o dia não faltam discursos, paradas musicais, atividades para as crianças, manifestações artísticas e recitais diversos. Muitos adultos e crianças aproveitam para vestir os seus trajes tradicionais.

 

Resolvi fazer uma pequena montagem vídeo com algumas fotos que tirei em Akureyri, durante o Dia Nacional da Islândia 2012. Espero que gostem!

publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 20:58
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Segunda-feira, 7 de Maio de 2012

Cod Wars: As guerras do bacalhau

 

Pelo menos, desde o inicio do XV, pescadores de todo o mundo tem vindo pescar nas aguas ricas de peixe em redor da Islândia. As capturas feita pelos pescadores estrangeiros foram crescendo ao longo dos séculos, especialmente no final do século XIX, com o incremento das novas traineiras a vapor. Apenas durante as duas Grande Guerras Mundiais ouve um recuo. Mas depois destas terminarem, os barcos e traineiras (com alemães e britânicos à cabeça), regressaram em grande número, em busca do principal recurso dos islandeses.

 

Guerra do bacalhau: com abalroamentos entre vasos de guerra britânicos, barcos da guarda costeira islandesa e as traineiras de pesca.

 

Limite das aguas territoriais islandesas de 3 para 4 milhas - 1952

 

Os limites das aguas territoriais não eram precisos antigamente e dos séculos XVII até ao século XIX, eram normalmente considerados até 16 milhas de distancia do perímetro da costa. Mas a situação mudou quando, em 1901, a Dinamarca faz um tratado com o Reino Unido, em que ficou definido que as aguas territoriais islandesas seriam de apenas de 3 milhas para lá do perímetro da ilha. Como resultado deste acordo, nunca antes, próximo da Islândia, havia sido pescado tanto peixe, como no inicio do século XX. Isso fez com que os grandes cardumes próximo da costa fossem devastados pela excessiva captura. Os islandeses tinham noção que esta situação tinha de ser alterada, mas estavam amarrados pelo tratado. O primeiro passo para inverter esta situação é dado após a independência, com a nova legislação de 1948, onde é prevista uma proteção de cariz cientifico para os locais de desova e de proteção e racionalização de cardumes em redor do país. O segundo passo é a extensão do perímetro de aguas territoriais em mais 1 milha náutica em 1952, primeiro na costa norte e depois em redor de toda a ilha. Ao mesmo tempo, todos os fiordes são fechados a traineiras e barcos de pesca. O que se revelou uma medida acertada para proteger os viveiros e locais de desova de diversas espécies, como o bacalhau.

 

Todas as nações aceitaram os novos limites, exceto os britânicos que protestaram veemente e como retaliação, passaram a boicotar as exportações de peixe pescado pelos islandeses. Inicialmente isto originou um impacto negativo na economia islandesa, já que os pescadores islandeses vendiam bastante da sua captura nos mercados britânicos, mas novos mercados depressa apareceram como os EUA (para o peixe fresco), a URRS e outros países (para peixe em conserva e congelado). Sendo assim, o boicote acabou por não ser uma arma de impacto na economia islandesa, como esperavam os britânicos.

 

Limite das aguas territoriais islandesas de 4 para 12 milhas - 1958

 

No anos 50 iniciou-se o debate internacional acerca das aguas territoriais e os limites (cotas) de pesca. Em 1958, na Convenção Internacional de Geneve, a maioria das nações foram favoráveis aumento das aguas territoriais para 12 milhas além do perímetro da costa de cada país. A Islândia decide fazê-lo no dia 1 de Setembro de 1958, e as embarcações de pesca estrangeira respeitaram estes novos limites, exceto os britânicos. Para evitar que a Guarda Costeira islandesa capturasse os barcos e os arrastasse para o porto mais próximo, os britânicos enviam vasos de guerra de forma a proteger os seus barcos de pesca.

 

Um clima de "guerra fria" instala-se nas aguas territoriais islandesas a que se denomina de Guerra do bacalhau (cod war). O conflito teve vários episódios, destacando-se quando os marines aprisionaram a tripulação de um barco da guarda costeira islandesa, por estarem a rebocar um barco de pesca britânico para o porto mais próximo. Após terem mantido os elementos da guarda costeira a bordo durante algum tempo, deram-lhes um pequeno barco a meio da noite e ordenaram que rumassem até à costa. Esta "guerra do bacalhau" durou até 1961, altura em que foi assinado um tratado, em que os ingleses reconheceram as 12 milhas de aguas territoriais islandesas, mas em contrapartida era-lhes concedido o direito a pescar em certas áreas, entre as 6 e as 12 milhas, nos 3 anos seguintes. No mesmo tratado, foi feita uma clausula questionável, em que obrigava a Islândia a não estender mais os limites das suas aguas territoriais no futuro. Caso não respeitasse estaria sujeita a sanções. Esta clausula abusiva, iria causar dificuldades futuras.

 

Limite das aguas territoriais islandesas de 12 para 50 milhas - 1972

 

Em 1970, os políticos islandeses começam a discutir a necessidade de aumentar ainda mais o limite das suas aguas territoriais, de forma a proteger e restabelecer os cardumes, já que estes necessitavam de mais proteção. Em 1971, com a tomada de posse do novo governo, decide-se estender, no ano seguinte, os limites de 12 para 50 milhas. A Islândia assumiu assim a liderança na decisão de aumentar as aguas territoriais, numa altura em que a maioria dos países se mantinha nas 12 milhas. Os alemães e os britânicos protestaram, reforçados pelo tratado de 1961 que originaria sanções por um Conselho internacional. Mas a Islândia recusou apresentar-se a qualquer Conselho internacional, argumentando que eles não deveriam interferir nesta matéria. Mas o Conselho internacional reuniu-se e num veredito preliminar, concede o direito de pescar determinadas quantidades de pescado, entre as 12 e as 50 milhas, aos barcos britânicos e alemães. Independentemente disso, os islandeses resolvem unilateralmente, estabelecer os limites das suas aguas territoriais em 50 milhas além do perímetro da ilha, com efeito a partir de 1 de setembro de 1972. Os britânicos e os alemães não respeitaram, e as suas traineiras recomeçaram a ser escoltadas, uma vez mais, por vasos de guerra dentro dos limites estabelecidos pelos islandeses. Assim, um novo conflito se inicia.

 

Os islandeses tinham, desta vez, produzido uma arma secreta. Um arpão preparado para rasgar as redes dos barcos de pesca estrangeiros. Esta arma demonstrou-se eficaz, mesmo quando estas embarcações pescavam em conjunto e escoltadas de perto pelos barcos de guerra. Farto dos distúrbios originados pela guarda costeira islandesa, os pescadores pedem mais proteção aos seus governos e em 1973 são enviadas fragatas de guerra britânicas para dentro dos limites das 50 milhas. Aos pescadores foi-lhes dito que pescassem em grupo de forma a poderem ser protegidos, mas obviamente que em pequenos espaços e com movimentos limitados, as capturas não era compensatórias. enquanto o braço de ferro entre islandeses e britânicos se mantinha foi dada ordem para o embaixador islandês em londres regressar e posteriormente foi combinada uma reunião entre os primeiros ministros de ambos os estados em Inglaterra. Um novo tratado foi realizado. Os ingleses comprometiam-se a respeitar os novos limites, mas durante os 2 anos seguintes era-lhes permitida a captura em determinadas áreas especificas, dentro dos limites das aguas territoriais islandesas. Isto, desde que não fossem usados grandes arrastões. Este acordo com os britânicos não se estendeu aos alemães, pelo que a Guerra do bacalhau continuou.

 

Por esta altura, o Conselho internacional pronuncia-se dizendo que a decisão dos islandeses foi ilegal.

 

Limite das aguas territoriais islandesas de 50 para 200 milhas - 1975

 

Em 1974 aconteceu a Convenção de Caracas, organizada pela ONU, com o objetivo de estabelecer uma lei única e geral a todos, no que respeita aos mares. Uma grande parte dos países defende que os limites das aguas territoriais deveria de ser 200 milhas, para lá da linha costeira dos estados. Reforçada pela Convenção de Caracas, a Islândia decide, mais uma vez, alargar o limite das suas aguas territoriais das 50 para as 200 milhas, com efeitos a partir de 15 de Outubro de 1975.

 

esta nova decisão tornava-se efetiva logo após o termino do contrato, com validade de 2 anos, feito com os britânicos em 1973. uma nova Guerra do bacalhau começou e os barcos de guerra britânicos regressaram para as proximidades da Islândia, com o intuito de proteger os seus barcos de pesca, da guarda costeira islandesa. Desta vez, os islandeses fizeram acordos com a Bélgica, a Alemanha e outros países, em que em troca do reconhecimento das novas aguas territoriais, lhes seria permitido capturas limitadas dentro das suas aguas territoriais, nos anos estipulados nos acordos. O embaixador islandês mais uma vez é chamado para o seu país reiniciando-se, nos mares da Islândia, uma fase de provocação entre os vasos de guerra britânicos e a guarda costeira islandesa. De referir ser impressionante ver os 3 barcos da guarda costeira islandesa a abalroar os grandes barcos de guerra britânicos. Refira-se que, tanto o rasgar das redes, como o abalroar dos vasos ingleses, passaram a ser episódios ainda hoje lembrados na Islândia. Os capitães e as suas tripulações, de 1958 e de 1972, eram tratados como heróis nacionais.

 

O agudizar desta conflito era vista com alguma apreensão pela NATO, até porque a base americana de Keflavík era, durante a guerra fria, de grande importância estratégica. Existia o receio que a Islândia pudesse deixar de cooperar com a NATO. Assim, esta entidade, inicia conversações entre os dois países da sua organização, com o objetivo de pacificar a situação. Ao mesmo tempo, o clima internacional começava a jogar a favor dos Islandeses. Cada vez mais países, estipulavam os mesmos limites para as suas aguas territoriais. Por fim, a União Europeia estabelece esse limite como a jurisdição legal de cada país em 1977. Nessa altura, os britânicos são obrigados a aceitar as aguas territoriais islandesas e a Guerra do bacalhau aproxima-se do seu final. As negociações entre os dois países decorrem em Oslo, iniciando-se em 1 Junho de 1976. Um tratado foi assinado e no dia 1 de Dezembro de 1976 o ultimo barco de pesca britânico sai das aguas territoriais islandesas.

 

Esta é considerada uma vitória total dos islandeses e um dos maiores orgulhos da sua história.

 

Epílogo

 

Em 25 anos, a Islândia aumentou as suas aguas territoriais de 3 para 200 milhas. A guarda costeira, com a solidariedade de toda a nação, teve um papel preponderante. Não se pode, também desprezar, as tendências da lei internacional, que nesta matéria foram indo ao encontro das decisões islandesas. Por último, refira-se a simpatia e apoio que foi recebendo, já que se tratava de um país pequeno a confrontar uma grande potência.

 

publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 23:52
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Terça-feira, 1 de Maio de 2012

Na Islândia também não existem culpados da crise

 

 

Para quem andou este tempo todo a tentar fazer da Islândia a projeção do paraíso democrático ao jeito de "o povo é quem mais ordena", inspirado nos ideais românticos marxistas com um piscar de olhos revolucionário (logo o país onde o cartão de crédito impera!) desengane-se. A distância faz-nos acreditar na maior fonte de desinformação - a internet, impulsionados pela lavagem cerebral das centenas de manifestos de pressupostos românticos e irreais que por lá circulam. É que o jardim dos outros é sempre mais verde do que o nosso. Não existem similaridades entre Portugal e a Islândia (com apenas 300 mil habitantes e onde quase todos se conhecem) a não ser, contrariamente ao que se acredita em Portugal, que nenhum dos grandes responsáveis do colapso económico está preso. O veredito do julgamento do ex-primeiro ministro Geir Haarde ditou que apenas é culpado de uma das quatro acusações: A de que falhou no seu dever constitucional de comunicação adequada com os ministros, não tendo feito as reuniões de emergência quando o colapso financeiro era já óbvio. Mas apesar de ter sido considerado culpado de um dos crimes de negligencia, não vai sofrer qualquer penalidade. Já agora, sabem quem paga este julgamento fantoche e de contornos políticos, que deixa a esquerda e a direita a dizer que ganharam (na Islândia como em Portugal)? O povo é claro! Os custos legais do julgamento, ronda os 24 milhões de coroas (aproximadamente 143.730,00 €) e serão pagos pelo governo (leia-se contribuinte). Todos os responsáveis maiores continuam "por aí" em liberdade. Não procurem exemplo nos outros e sim dentro de portas!

 

N.B Poderia colocar aqui os argumentos de defesa do primeiro ministro, não isentos de lógica. Os bancos eram instituições privadas que burlaram. Se alguém deve ser, em primeiro condenado, serão os seus donos (administradores) que manipularam os números, enganando todos os que neles depositaram confiança. Mas a responsabilidade de uns (administradores) e outros (politicos) é um debate mais complexo.

 

N.B  2 Já vi mais manifestos a circular na internet com a seguinte inscrição: "Islândia perdoa dívida hipotecária à população" e "Islândia triplicará seu crescimento em 2012 após prisão de políticos e banqueiros" (!!!!????). Pode ser-se ideologicamente de esquerda, pode até fazer-se parte de acampamentos. Mas as frases de cima mais não são do que terrorismo e tirania trasvestida com as cores da esquerda!

 

N.B 3 Eu até já ouvi o Carlos Carvalhas na televisão a dizer que os banqueiros na Islândia tinham sido presos. Pena eu não estar nesse "Prós e Contras" para perguntar o nome dos donos dos bancos detidos. Não poderia obter uma resposta maior do que o silêncio. Preso (até à data) apenas um responsável menor. O que é bem menos que o Duarte Lima e o Oliveira e Costa.

 

Acima de tudo, exista bom senso (e já agora, sentido critico a  filtrar informação dos manifestos que a internet oferece, por muito românticos e simpáticos que sejam e mesmo que indo de encontro ao nosso desejo de um mundo melhor)

 

publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 22:55
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Sexta-feira, 11 de Abril de 2008

O futuro da economia islandesa e a polémica do alumínio

A economia islandesa está num ponto de viragem, aliás, como muitas das coisas na Islândia.
A indústria da pesca que à alguns anos atrás representava cerca de 90% da economia, não ultrapassa hoje os 60%. Com a redução dos cardumes no mar, o desafio governamental passou a ser procurar novas e potenciais formas de desenvolvimento. Mas se lentamente o turismo tem crescido, conquistando uma parcela de importância nesta nova economia, o segundo maior recurso natural do país é a energia eléctrica, derivada de uma vasta rede de rios e campos geotérmicos subterrâneos. A polémica instalada na sociedade islandesa tem a ver com a forma como o governo explora este recurso natural, tentando impulsionar a economia do país. É aqui que entra o alumínio e as suas fábricas.
 
Foi assinado o acordo entre o governo e a Alcoa para se iniciar a produção da nova fábrica de alumínio. A Alcoa é a maior produtora de alumínio, tendo diversas fábricas espalhadas no mundo, nomeadamente no Amazonas/Brasil.
O projecto está envolto em polémica e pela primeira vez surgem manifestações de rua em protesto contra uma decisão governamental. Aquilo que no resto da Europa é normal, manifestações ambientalistas lutando contra decisões governamentais, é algo de novo na Islândia. O movimento denomina-se “Saving Iceland” e uma amiga confidenciou-me que existem dificuldades de mobilização, pois é a primeira vez que se organizam para uma luta deste tipo. De referir que o “Saving Iceland” é um movimento/organização internacional e não propriamente islandês. Talvez isto possa ser mais do que uma questão de pormenor.
Depois da construção do polémico projecto hidroeléctrico do Karahnjuar, um empreendimento construído para aproveitar a energia dos rios apenas para alimentar a fábrica da ALCOA em Reydarfjördur (a barragem tem 730 m x 200 m de altura, sendo a mais alta da Europa, um lago de 57 km quadrados, e o transporte de energia é feito por mais de 50 km, entre tubagens e cabos), existem planos para mais 3 projectos de usinas hidroeléctricas e geotérmicas ao lado de fundições de alumínio. Para os ambientalistas está-se a destruir a espectacular e frágil beleza natural do país.
Até agora a Islândia era um dos locais mais intocados do mundo desenvolvido. Dos seus 300 mil habitantes, cerca de 2/3 vivem perto de Reykjavík, a capital. Os demais espalham-se por 103.000 km² de rocha vulcânica, tundra praticamente sem árvores e planícies de vegetação rarefeita, sendo cerca de 70% do território inabitável.
Os islandeses tendem a tratar o seu ambiente com respeito. O ar é tão puro que o Protocolo de Kyoto deu ao país o direito de aumentar as suas emissões de gases do efeito de estufa em 10% relativamente aos níveis de 1990.
Segundo Hjorleifur Guttormsson, antigo Ministro da Energia e Indústria, um ambientalista, as novas fábricas de alumínio exigiriam oito vezes mais electricidade que a usada actualmente para o consumo doméstico na Islândia, o que representaria uma enorme pressão sobre os rios e campos térmicos do país. Afirma também que a poluição é outro motivo de preocupação: As fundições de alumínio são grandes emissoras de dióxido de enxofre, fluoreto de hidrogénio e outros químicos.
Mas a Alcoa diz que equipou a nova fábrica com controles de poluição de última geração e já cumpriu a sua promessa de reduzir as emissões totais de gases do efeito de estufa em 25% relativamente ao nível de 1990. Um amigo que trabalhou na fábrica confirmou-me por exemplo, a existência de tanques que fazem o tratamento da água utilizada, antes de ela ser despejada no oceano.
O actual Ministro da Indústria e Comércio da Islândia, Jon Sigurdsson, afirmou que as propostas estão sujeitas a vários obstáculos, incluindo, em alguns casos, referendos locais. Segundo ele, o governo sempre aplicou padrões ambientais rigorosos a projectos de exploração e prepara uma lei que designará quais as áreas do país deverão ser protegidas e quais têm potencial de desenvolvimento.
A Islândia apesar de ser um país próspero, concentra essa prosperidade em Reykjavík. Algo que o governo tenta mudar explorando o “petróleo” islandês que é a energia dos rios e campos geotérmicos. No fundo, a força da natureza que fervilha no seu subsolo, bem como a água das chuvas e o degelo dos glaciares.
No entanto, como não é plausível exportar a energia a ideia é importar a demanda. De certo modo, o alumínio parece uma solução perfeita. É uma indústria de energia intensiva que precisa de acesso fácil a portos, para a importação de matéria-prima e a exportação do produto acabado. A Islândia possui energia limpa, disponível, litoral extenso e a proximidade do lucrativo mercado europeu.
A primeira fábrica de alumínio do país foi construída na década de 60 em Hafnarfjördur e produz aproximadamente 200.000 tonl/ano. A segunda foi construída recentemente, situa-se em Hvalfjördur, perto de Akranes, explorada pela companhia Nordural. Ambas as fábricas situam-se próximo de Reykjavík. A fábrica da Alcoa em Reydarfjördur, no Este do país, produzirá cerca de 320.000 tonl/ano. As outras fábricas estão projectadas para Husavík, Isafjördur e Keflavík.
De referir que o projecto de Karahnjukar planejado há anos, teve o apoio do governo de centro-direita, no poder há 12 anos. Pesquisas mostram que a maioria dos islandeses também o aprova, afirmando que ele levará emprego e dinheiro para os fiordes de leste.
 
Por aquilo que conheço da realidade islandesa não é crível que as manifestações contra o alumínio e as suas fábricas englobem muitas pessoas:
Primeiro porque me apercebo que muitas pessoas, mesmo não achando ser a solução ideal, pensam que a Islândia necessita e tem condições para essa indústria, potencial forma de desenvolvimento das zonas afastadas de Reykjavík e forma de evitar o êxodo populacional para a capital.
Segundo porque o turismo será sempre uma indústria de crescimento lento para quem necessita de resoluções rápidas. Não seria também aconselhável apostar numa só actividade, todo o investimento para o desenvolvimento do país.
Terceiro porque talvez não existam propostas concretas alternativas que julguem credíveis, reconhecendo que se deve aproveitar a força desta energia pungente que a natureza lhes oferece e que poderá dinamizar a economia futura.
Em ultima instância, daqui a 2 anos haverão eleições e o governo poderá ser julgado nessa altura. Contudo, a Islândia é um país conservador, como comprova os 12 anos de governação do partido de centro-direita. Sinceramente, não creio que a questão do alumínio tenha mais peso no desfecho do acto eleitoral do que o actual aumento do preço dos bens de consumo, devido à desvalorização da coroa islandesa.
É fácil simpatizar-se com a bandeira ambientalista do “Saving Iceland”, até porque as questões ambientais são de crucial importância para vivermos num mundo melhor. Mas os movimentos internacionais esquecem-se que depois de irem embora, as populações ficam com necessidades urgentes para resolver. Os habitantes das zonas rurais apenas querem ter um futuro digno, com trabalho, instrução, desenvolvimento e a qualidade de vida que merecem. O actual êxodo populacional para Reykjavík não corresponde a essas legitimas aspirações.
 
Será possível criar um compromisso entre a indústria do alumínio e a natureza ou será isso contraproducente?
 
vídeo do "Saving Iceland" promovendo a luta contra as hidroelétricas e as fábricas de alumínio.
 
publicado por Ivo Gabriel - Iceland Views às 11:07
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